quinta-feira, novembro 29, 2012

O Substituto

Com realização de Tony Kaye e com os actores Adrien Brody, Christina Hendricks, Marcia Gray, Lucy Liu, Blythe Danner, Tim Blake Nelson, Bryan Cranston, William Petersen , Betty Kaye e Sami Gayle  e em que o próprio A.Brody é o produtor, eis um filme magnífico e que julgo que está condenado a passar quse despercebido nas salas de cinema portuguesas o que é pena, pois o filme é mesmo bom.
Vencedor de vários prémios, Detachment é um exercício portentoso, da realidade de algumas escolas periféricas aos grandes centros urbanos norte americanos, mas que podemos reconhecer nesse universo muito da realidade que hoje em dia grassa dentro do ensino em muitos países e que Portugal não é excepção. 
É neste  universo  que Adrian Brody se move como professor substituto, desligado de tudo e de todos, porque há muito desistiu de pensar ou tentar mudar uma realidade fria, violenta, destituída de qualquer moralidade. 
Como professor  Henry Barthes ele limita-se a fazer o estritamente exigido na sua aula de inglês. Tenta sobreviver à violência dos seus alunos, com o desapego com que no fim do dia ruma a uma casa fria e despojada, com o desapego da não convivência com os seus pares guardando o pouco de humanidade que ainda tem para as visitas regulares que faz ao avô. O encontro com a jovem prostituta vem modificar a sua vida espartana, mas mesmo aí ele não se envolve, marginaliza-a, tenta não se apegar e só no fim no abraço sentido entre os dois descortinamos um pouco do que é esse homem, calejado por uma vida de ensino  de algo que os alunos não estão minimamente interessados em ouvir. A violência das palavras usadas pelos mesmos são bofetadas constantes, não há regras, os professores tentam apenas manter a sanidade mental e mesmo em casa no seio familiar a  descontracção e a alegria não se dão, posto que mesmo ali ninguém mostra qualquer sentimento de compaixão, solidariedade familiar, amor e carinho. É o desencanto total, grassa a psicopatia entre os alunos o desalento e por fim a morte. Não há abraços, esses  não fazem parte do regulamento escolar, não há convívio entre pares, os pais estão ausentes, a directora está demissionária, os professores estão apáticos e desencantados. A escola é um depositário de alunos, um adolescentário. Nada mais resta senão fazer o mínimo essencial e no fim rumar a casa, não para o merecido descanso, mas para corrigir trabalhos em que na margem da folha do teste está o insulto:és lixo.Palavras para quê?
 

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