Há algum tempo atrás tinha gravado o filme "Maridos e Mulheres". Sem tempo para o ver, decidi no sábado passado sentar-me no sofá e apreciá-lo condignamente. Eu já o tinha visto no cinema e lembro-me de me ter divertido imenso, porque Woody Allen, o realizador desta pequena obra de arte e também o guionista disseca de uma forma muito acutilante, mas ao mesmo tempo irónica, alegre e mordaz a vida de dois casais nova iorquinos de uma forma que poucos realizadores são capazes. Sou suspeita para falar porque tudo aprecio tudo o que W.Allen faz e por isso estou em pulgas para ir ver este sua última 'loucura' cinematográfica que é o "Para Roma com Amor", mais um filme passado na europa desta vez em Itália, posto que o realizador já se divertiu em Londres, Espanha, França...chegando finalmente à Itália!Para quando um filme em Portugal?Seria uma originalidade!!
Mas...voltando ao "Marido e Mulheres" o que aqui vemos é um W.Allen casado com uma passiva-agressiva Mia Farrow, coadjuvado por um outro casal constituído por um seguro S.Pollack e uma hiperactiva Judy Davis. O papel mais conseguido é o de Mia Farrow.Complexa, neurótica,ciumenta, despeitada, insegura, mas sempre conseguindo 'levar a água ao seu moinho' vemo-la casada em segundas núpcias com Gabe um Woody Allen fazendo de escritor/professor de sucesso, que por sua vez caí de amores por uma talentosa aluna, J.Lewis impecável na sua juventude, sensualidade, petulância e charme. No meio disto tudo vamos apreciando também um jovem Liam Neeson caído de amores por Sally/Judy Davis, mas cujo foco de atenção é Judy/Mia Farrow que mais uma vez 'levando a água ao seu moinho' consegue obter aquilo que quer. Há uma certa parte do filme que é extremamente engraçada, é quando Gabe/W.Allen, vai dissecando um pouco a obra que está a escrever, precisamente sobre Maridos e Mulheres e desmistifica o mito do orgasmo em simultâneo... uma pérola. Woody Allen, segue mais uma vez aqui o processo de filme narrativa, em que cada personagem vai falando sobre si, fazendo ao mesmo tempo o contraditório do que foi dito pelo seu parceiro e o realizador sabe fazer isso de uma forma extremeamente sarcástica, irónica e despudorada.
No fim...bem no fim...o que sobra são casais trocados, uns mais sós que os outros e o que daqui podemos tirar é que de facto, e tal como nos diz a personagem de Gabe, a vida real não emita os filmes...apenas a má televisão.
Um filme a ver, rever, sorrir ...e pensar o quão difícil é de facto viver numa comunhão a dois, e o realizador mais do que ninguém sabe aquilo muito daquilo que ali mostra.Adorei!
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