quarta-feira, março 16, 2011

Diogo Velásquez-Las Meninas


Este quadro que aqui aparece denominado de "Las Meninas", e que pode ser apreciado no Museu do Prado (Madrid), primitivamente chamado de "La Família", talvez seja a obra mais famosa deste pintor.Desde Lucas Jordán que a considerou uma "teologia da pintura", até Picasso que executou uma grande série de estudos das figuras que integram o quadro (Museu Picasso, Barcelona), a obra interessou profundamente os artistas, que vêem nela o apogeu da pintura de Diogo Velásquez, a essência do seu pensamento pictural.O pintor retrata a família real espanhola assim como o momento em que a travessa infanta Margarida entra no estúdio com o seu pequeno séquito quando os pais posam para o retrato que o pintor executa. Em "Las Meninas" a cena é aparentemente fortuita: é o momento em que a encantadora infanta margarida, com a petulância da sua condição principesca e dos 5 anos de idade, irrompe no estúdio de Velásquez no Alcázar quando este se encontrava a pintar um retrato dos régios esposos, cujas faces se reflectem no espelho colocado na parede do fundo.Acompanham a princesa algumas personagens da sua pequena corte:as duas damas de honor,Maria Augustina Sarmiento e Isabel de Velasco, em virtude das quais o quadro recebeu a sua designação, por serem as doncellas, aias, "Meninas" (nome de origem portuguesa) da infanta; uma anã, Mari-Barbola, um anão Pertusato, e um canzarrão.Em segundo plano, na penumbra distinguem-se os vultos de outros servidores do Paço, destacando-se na porta a silhueta do aposentador Nieto Velásquez, talvez parente afastado do pintor. Nessa mesma parede estão dois grandes quadros, quase às escuras, cópias de um Rubens, "Minerva e Aracne" e de "Apolo e Pã", de Jordaens, duas fábulas mitológicas de sentido idêntico, posto que nelas se afirma a superioridade da Arte sobre os meros ofícios artesanais.Toda a obra em si, foge aos cânones habituais, visto que o Velásquez retrata-se si mesmo, pintando o casal real, que podemos ver reflectidos no espelho. Assim Velásquez se se auto-retrata fora da composição como se estivesse a imaginá-la na sua mente e antes de aplicar o pincel à tela, pôs em relevo o valor simbólico de uma obra que até há pouco tempo foi considerada como um caso máximo de realismo.Conta-se que o crítico e poeta francês Theo Cautier ao entrar na sala do Prado onde tinham exposto "Las Meninas", terá exclamado:" Mas...onde está o quadro?" Com efeito,o quadro confunde-se com a realidade graças ao espaço aberto do lado do contemplador, a quem só faltaria que o espelho do fundo reflectisse as suas feições, em vez das de Filipe e Mariana.Uma obra soberba!

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