domingo, janeiro 02, 2011

Desejos

Enquanto comia as 12 passas na passagem do velho ano de 2010 para o desconhecido e parece-me que doloroso ano de 2011, ia pedindo as mesmas coisas que toda a gente pede.Saúde, Felicidade, Paz, Trabalho,Amizade,Solidariedade, Sossego, Dinheiro, Lucidez, Amor, Amor, Amor, Amor.Toneladas de Amor.Não é isso que todos pedimos?Muitas vezes somos atendidos, outras nem tanto, mas para o ano se estivermos vivos e lúcidos, cá estaremos para tornar a repetir os mesmos desejos e para ver se algum dos nossos desejos foi atendido.Vivemos a vida a pedir e damos muito pouco.A partilha não é um apanágio da humanidade, isso é um facto. Quantoas vezes ofertámos algo, porque esperamos algo em troca? Mesmo assim nós os portugueses, talvez por sermos um povo de brandos costumes, somos muito dados a Solidariedade, mas estranhamente esta Solidariedade só se manifesta quando arrancada a ferros, quando ouvimos uma determinada reportagem nos meios de comunicação social, quando ciclicamente surge um vasto peditório nacional(peditório é uma palavra horrível...enfim), e então lá vamos todos nós contribuir de forma altamente altruísta .Serão todos os povos assim? Parece-me que não.A Solidariedade deve ser apanágio quotidiano, mas isso não acontece, com a frequência desejada.Solidariedade não é só contribuir materialmente, é algo mais vasto, é contribuir com amizade, amor, carinho, palavras, gestos...e isso acontece tão pouco.Se contribuímos materialmente consideramos que fizemos a nossa obrigação e isso alivia-nos a carga, mas a contribuição afectuosa é custosa, não a damos de ânimo leve, guardamo-lá ciosamente para nós e para os que nos são o mais próximos possíveis e por vezes nem a esses a damos porque o ser humano é muitas vezes(demasiadas vezes) egoísta nos seus afectos.O Amor é uma dádiva que deveria ser compartilhada.Vivemos uma passagem breve por este mundo e rapidamente quando damos conta os anos passaram tão rapidamente!Tudo é efémero, só pode e deve perdurar aquilo que faz de nós seres intrínsecamente humanos e isso não é a materialidade do que nos rodeia, mas aquilo que nos faz ser seres superiores. Isso passa por ter desejos que possam ser partilhados por todos, e que façam com que no fim do dia possamos pensar que valeu a pena termos vivido mais 24 horas da nossa tão breve existência.

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