Quando pintou este quadro, Diogo Velasquez (1599/1660), já trabalhava para o rei há alguns anos. Com este tema distancia-se, contudo dos temas mais tratados no círculo da corte, pintando um quadro em que expõe aspectos populares num registo mitológico.Aqui o vulgar converte-se em divino por meio desta manifestação de manifesto realismo. Assim, Baco, Deus do vinho, poderia ser um rapaz qualquer, despojado das suas roupas e rodeado de uma série de bebedores compulsivos que se sentem atraídos pelo vinho, que os faz esquecer os problemas do quotidiano e evadirem-me momentaneamente da realidade.A composição do quadro poderia dividir-se em duas partes claramente diferenciadas.À direita, o grupo de bebedores é representado seguindo a pintura espanhola tradicional da época, e isso é verificável nos tons claros-escuros e um grande realismo que se verifica, principalmente, nos rostos das personagens, enrubescidos pelo vinho, e que nos fazem lembrar as suas obras anteriores.O lado esquerdo da tela, contudo, faz lembrar uma composição mais ao estilo italiano, em que as cores se tornam mais claras e as figuras,de uma enorme sensualidade,adoptam posições próprias de personagens da Antiguidade, que nos remetem para o pintor Caravaggio, que na sua juventude também pintou um Baco muito semelhante a este.Na tela, Baco coroa com ramos de videira a cabeça de uma personagem ajoelhada que poderia tratar-se de um poeta a quem o vinho serviu de fonte de inspiração.O corpo inclinado desta personagem do qual só vemos o perfil, vai delimitar a fronteira entre estes dois mundos, um terreno e outro divino.Também podemos observar uma bilha aos pés de Baco, como as que aparecem em muito das suas outras obras.Esta tela realizada por volta de 1628, é óleo sobre tela, tem 165x188cm e pode ser apreciada no Museu do Prado em Madrid.Refiro que uma Magnífica cópia deste quadro de Velasquez, pode ser apreciada em Portugal na Casa Museu dos Patudos/Casa Museu José Relvas em Alpiarça, distrito de Santarém.
Esta Casa Museu é muito bonita (actualmente está com obras de beneficiação) e ela constitui um duplo museu, dado que se nos apresenta como um importante museu de arte, mas, ao mesmo tempo, como um exemplar museu monográfico, representativo da figura do seu fundador José Mascarenhas Relvas (1858-1929).Sendo uma figura notável da vida política e diplomática da 1ª república, José Relvas nutriu do mesmo modo uma profunda devoção pelas artes, pautada pela renovação da casa do seu pai ( o grande fotógrafo Carlos relvas) na Quinta dos Patudos, com a importante colecção que contribui o seu recheio. No campo da música José Relvas notabilizou-se como violinista no Quinteto de Música de Câmara que fundou.A fortuna acumulada permitiu-lhe a edificação da actual casa dos Patudos, a partir de 1904, cuja arquitectura em estilo Neo-Romântico foi encomendada arquitecto lisboeta Raul Lino.A casa tem um acervo de obras de vários artista portugueses que vão de Silva Porto a José Malhoa, estando este último representado através de varíadissimos quadros seus.Também Rafael Bordalo Pinheiro está muito representado com diversas obras de cerâmica.É quase que obrigatória a visita a esta Casa Museu, devido ao acervo das obras que aí estão presentes assim como pela envolvência arquitectónica e paisagistica que a rodeiam.
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