A cobardia nos homens é algo que sempre me arrepiou, e essa cobardia pode ser demonstrada em variadíssimas ocasiões.É cobardia quando um homem maltrata uma mulher seja de uma forma verbal, fisica ou psicologicamente. Mas há um outro tipo de cobardia mais subtil, que é a cobardia de não assumiram jamais as suas torpes acções. Quando essa cobardia é retratada num jovem imberbe, há a tendência para a "desculparmos" porque a vida encarregar-se-á (ou talvez não!) de o 'punir'.O mesmo já não acontece quando nos damos conta de que esta cobardia está enraizada em homens em que os alvores da juventude há muito desapareceu dos seus horizontes. Quando um homem resolve ser infiel, ou é por natureza infiel na sua relação matrimonial, sabe que essa infidelidade pode trazer-lhe aborrecimentos ( o termo é suave!) e por isso tem de assumir isso, tem de assumir os prazeres da 'facada' na relação,assim como os desprazeres que daí podem advir. Lembro-me que há uns anos o filme "Atracção Fatal", do realizador Adrian Lyne, com Glenn Close, Michael Douglas e Anne Archer, deixou meio mundo masculino apavorado devido precisamente ao facto de uma magnifica Glenn Close ( que fazia magistralmente o papel de amante), não aceitar a rejeição por parte do amante e resolver transformar a vida do mesmo num autêntico inferno. Na altura fizeram-se várias interpretações sobre o significado que o realizador quis dar ao filme, mas para mim o que ali estava era pura e simplesmente uma mulher que resolve ajustar contas com um homem que na sua cobardia e puro machismo, quis ter uma amizade colorida com alguém sem nunca medir as consequências dos seus actos. A cobardia dele, arrasta amante e todo o seu universo familiar, para uma espiral de violência em que ninguém sai incólume.Ora, se falo neste filme é precisamente para fazer uma analogia com o que hoje em dia se passa, nas relações amorosas. Todos sabemos que a infidelidade faz infelizmente (acho eu!) parte do nosso quotidiano. Grande percentagem de homens e de mulheres traem os seus parceiros. O que acontece é que por vezes essa traição é feita num momento de desvario ou fragilidade emocional.Em muitos destes casos essa traição é rapidamente esquecida e cada um segue a sua vida, porque o que ali aconteceu foi apenas sexo sem qualquer envolvimento amoroso.Contudo, há situações em que tanto homens como mulheres, vão fundo nessa relação extra-matrimonial, fazem promessas, trocam inconfidências, fazem planos, há um abrir de portas para uma possível relação, uma vez que nessas inconfidências um deles, ou ambos, mostram não estar satisfeitos com a relação, sentem-se fisicamente bem um com o outro/a, complementam-se, sentem-se confortáveis estando juntos, o sexo é bom.... e de repente por factores estranhos ( ou talvez não) um deles resolve não assumir essa relação, acobarda-se, foge, arranja mil desculpas e retorna à sua relação anterior, deixando o outro/a num completo vazio emocional, sem que consiga perceber o porquê daquela fuga. Então há duas coisas a fazer.Retoma-se a vida como se nada fosse, ou então luta-se por aquilo que consideramos ser a nossa felicidade. É neste momento em que se dá o confronto, que a mulher ou o homem,(ou ambos), apercebem-se da baixeza da espécie humana, o quanto um ser humano pode ser friamente e dolorosamente cobarde e mau. Há dias uma amiga minha que passou por essa situação (de infidelidade e fuga para os braços da mulher traída) confessou-me:"Sabes, nessas ocasiões não se sabe o que fazer...a vontade é de ir à luta, lutar por aquele que amamos, que nos faz feliz...mas ao mesmo tempo a cobardia dele é tão nojenta, tão aviltante...que o melhor é levantarmos a cabeça e seguirmos em frente, porque afinal eu sabia que ele não era livre...mas mesmo assim...tentei a sorte...dei-me mal...julguei que ele era melhor do que aquilo que de facto é, estamo-nos sempre a enganar com as pessoas,e com os homens erro constantemente!" Ao ouvi-la apercebi-me que nas relações amorosas, tanto homens como mulheres vivem enganos sobre enganos, erros sobre erros,estamos sempre a ser feridos, a ser 'apunhalados' , a sarar constantes feridas abertas no coração, e que o único remédio ou panaceia para tal é...seguir em frente e se possível, desviarmo-nos o mais possível de quem nos pode magoar. Contudo...e há sempre um contudo...como saber que aquele em que investimos em termos amorosos, vulgo, emocionais, pode ser o nosso maior pesadelo? Julgo que não há resposta para isso. Há que ir tentando, até que encontremos por fim alguém que não sendo perfeito na sua soberba imperfeição, consiga pelo menos dar-nos alguns momentos de tranquila felicidade, o que pelo que me é dado a ver nos dias que correm, não é de somenos!
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