Benefícios do Café

Carlos Martins, médico de família do Centro de Saúde de S. João, no Porto e assistente de Medicina Preventiva, na Faculdade de Medicina do Porto, fez uma comparação entre a evidênciaempírica - o que a ciência provou - e as percepções relacionadas com o impacto da ingestão de café na saúde e as suas conclusões surpreenderam-no. Explica que os malefícios do café para a saúde são quase inexistentes, podendo antes sublinhar-se que várias dezenas de estudos indicam que existem vários benefícios do consumo de duas chávenas de café para a saúde, nomeadamente, por exemplo, ao nível das relações entre café e diabetes.
"Conclui-se que a ingestão regular de café até tem um efeito protector no que diz respeito ao desenvolvimento da diabetes tipo 2, impacto este extensível ao controlo da hipertensão arterial", afirma o médico de família.
Ingestão de café e doenças cardiovasculares
Para Carlos Martins que foi orador no colóquio "Benefícios do Café", integrado na I Feira do Café de Marvão, organizada pela Associação Portuguesa Industrial e Comercial do Café, as pessoas hipertensas não devem recear beber café, porque "os efeitos do seu consumo ao nível da tensão arterial são quase nulos".
Reforça, por oposição, a relevância da toma de medicação no controlo deste factor de risco cardiovascular, a redução de sal na dieta e a prática de exercício físico como comportamentos chave de controlo da hipertensão arterial. "Se as pessoas hipertensas tiverem estes cuidados, poderão desfrutar sem medos do prazer de beber café, dado que não há prova científica que demonstre que o seu consumo prejudica a saúde", acrescenta
Carlos Martins refere que os efeitos protectores do café se evidenciam igualmente ao nível da prevenção das doenças neurodegenerativas. Segundo afirma "a ingestão de café aumenta o estado de alerta, a concentração e reduz o risco de demência. Beber café reduz mesmo o risco de desenvolvimento da Doença de Parkinson nos homens e após a menopausa, nas mulheres que não tomem a terapia hormonal de substituição", remata.
O médico de família realça, no entanto, que é fundamental que haja decisões partilhadas entre o médico e os seus pacientes, porque "cada caso é um caso" e o seu historial clínico deverá ser considerado sempre, quer no aconselhamento ligado à ingestão de café, quer em relação a outros aspectos. Isto porque "as noções de equilíbrio e individualidade são fundamentais em saúde", frisa.