Confesso que foi uma desilusão para mim assistir a este último filme de Luca Guadagnino, que faz parte da Trilogia sobre o Desejo onde o primeiro foi Eu Sou o Amor com a fantástica Tilda Swinson, o segundo Mergulho Profundo e este ,Chama-me pelo Teu Nome.
De facto, estava a espera de outra coisa bem mais profunda, até porque o que aqui vemos, já assistimos em outras obras sobre a descoberta do amor na adolescência, só que aqui é a descoberta da homossexualidade, por parte de um jovem culto oriundo de uma família bem estruturada a nível monetário e cultural.
Ambientado nos anos de 1983, a fotografia é lindíssima, as paisagens mostram-nos uma Itália de postal de sonho, os lugares onde tudo é passado são sítios de nos tirar o fôlego, o casarão onde se passa a ação um must, toda aquela envolvência cultural do qual faz parte um pai professor de História das Artes e uma mãe tradutora, são de nos babarmos para cima deles de tanta saber que ali há, a música absolutamente fantástica e muito bem entrosada com o decorrer da ação...mas...e aqui está o busílis da questão...ali nada se passa a não ser mesmo o amor daquele belo, culto e interessante jovem, pelo aluno do seu pai que vai fazer com que aquele acabe por descobrir a sua homossexualidade e com ela a dor da perda e por conseguinte as dores do crescimento com tudo o que isso acarreta.
Aflorando de revês a turbulenta Itália política daqueles tempos(pena essa parte não ter sido mais aprofundada) a maior parte do filme somos confrontados com paisagens e pouco mais. Mesmo as cenas de amor entre ambos, nada têm de especial posto que já vimos aquilo em outros filmes e bem mais aprofundadas e até bem mais interessantes.
Talvez devido à sua longa duração, o filme a páginas tantas acaba até por ser algo maçador porque realmente ali nada acontece de importante e mesmo os diálogos acabam por se fundir em duplas intenções, recurso algo já batido.
Não podemos deixar de verificar que a prestação tanto de Armie Hammer e principalmente de Timothée Chalamet são soberbas, até porque isso nem está em causa. Contudo, penso que deveriam ter explorado bem mais o papel do pai deste último, o fantástico Michael Stulhbarg, porque de cada vez que este aparece rouba as cenas visto ele ser mesmo muito bom, e podemos constatar isso mesmo, na cena quase final em que ele tem uma conversa com o filho que para mim salva o filme todo.Tirando isso, e resumindo, julgo que este Call Me by Your Name, não terá grande hipóteses nos Oscares, se bem que vem rodeado de vários prémios em diversos festivais de cinema, nomeadamente o de Sundance.
O filme baseia-se na obra do Italiano (de origem egípcia André Aciman) e tem argumento de James Ivory, o mesmo do incomparável Despojos de Dia, Quarto com Vista Sobre a Cidade...
Um filme a vermos e a esquecermos pouco depois, o que é pena.
Sem comentários:
Enviar um comentário