sexta-feira, janeiro 08, 2016

Um Diário Desperdiçado


Com realização de Benoit Jacquoit  (Adeus, minha Rainha ) e com as prestações de  Léa Seydoux, Vincent Lindon Clotild Mollet, Hervé Pierre Mélodie Valemberg entre outros fui ver O Diário de Uma Criada de Quarto e gostei medianamente, porque senti alguma desilusão não em relação aos actores que estão muito bem, mas sim em relação ao realizador, porque a espaços sentia acentuadas quebras de ritmo que deixam no espectador uma forte sensação de desilusão. Essa desilusão acentuasse na medida que o argumento tem imenso para nos dar, nessa relação sempre tão interessante entre quem serve e quem é servido e Benoit Jacquoit não soube aproveitar isso (aí que saudades da versão de  Luis Buñuel)  preferindo introduzir as os tão incomodativos flash backs que no filme só servem para atrapalhar nunca criando uma verdadeira ligação entre a narrativa presente e aquelas cenas do passado. 
 Vemos isso mesmo na cena da carruagem do comboio com a antiga patroa, bem como as cenas de Célestine com o antigo jovem patrão que morre tuberculoso. 
 Houve até uma cena que me pareceu que desapareceu do filme ( a morte da criada do capitão) e nós espectadores ficamos para ali a pensar como é que ela morreu se na cena anterior a vimos cheia de saúde e a tagarelar com Célestine! 
O que dá animo e alento ao  este Diário é a prestação de Léa Seydoux.
Para mim ela está impecável! 
Seydoux foi a escolha indicada porque para além dela ser magnifica, o seu rosto o olhar e até o andar, exprimem bem o que lhe vai na alma, e isso é sempre uma grande mais valia para qualquer realizador que saiba aproveitar as suas potencialidades, pois elas são muitas. 
 O seu arzinho de insolência, de desprezo, de amor e ódio, os seus  gestos fazem dela a actriz indicadíssima para o papel de Célestine, a criada que vai de Paris servir para casa dos Lanlaire, família de burgueses endinheirados cuja dona de casa tem como fim único infernizar a vida de quem a serve e o onde o dono da casa tem como desporto dormir com as serviçais, engravidá-las e posteriormente pô-las na rua a mando da esposa.
 O diálogo entre a desgraçada cozinheira e Célestine é uma das cenas capitais do filme e ali vemos o que era esta França rural, com personagens absolutamente abjectos como é o caso do Capitão vizinho dos Lanlaire, personagem truculento e do mais nojento que me foi dado a ver.
Já o personagem Joseph desempenhado por Vincent Lindon é também quase totalmente desperdiçada na sua relação com Célestine e é pena, pois o mesmo teria potencial para bem mais, na sordidez da sua vida e no ódio pelos judeus. Aliás é esse ódio pelos judeus teria capital para ser desenvolvido mas não o é preferindo o realizador centrar-se em totalmente no papel desempenhado por Seydoux, desperdiçando película onde a vemos a andar escada acima, escada abaixo escusadamente.
Mesmo o casal para onde Célestine vai trabalhar teria mais a dar, coisa que aqui não acontece. 
O próprio fim do filme é feito de uma forma atamancada e quando o mesmo termina dá-se em quem o está a ver uma sensação de total desilusão pelo mesmo. Dá mesmo  ideia que o realizador termina o filme por puro cansaço!
Em suma, este Diário de Uma Criada de Quarto vale apenas pela prestação de Léa Seydoux, por algumas frases que ali são ditas,( tenho que ter dentro de em mim a servitude) e pelo magnífico guarda roupa e excelente fotografia. 
É pouco para uma revisitação desta magnifica obra do escritor,critico e arte e jornalista Octave Mirbeau, que já foi filmada por Jean Renoir e Bunel de uma forma excelente.

1 comentário:

redonda disse...

Um que também não tinha pensado em ir ver. Agora fiquei a pensar talvez...