Não resisto a escrever sobre esta muto feia, mas ao mesmo tempo faascinante obra do pintor norte americano James Abbott McNeill Whistler, nascido 14 de Julho de 1834 em Lowell e falecido em 17 de Julho de 1903 no Estado de Massachusetts. O nome completo da tela é Composição em Cinzento e preto nº1-Retrato da Mãe do Artista.A tela é grande e tem como únca personagem a mãe do artista.As suas dimensões são de 144,3x162,5cm e a tela representa o retrato de Anna Mathilda Whistler representada de perfil, num aspecto muito austero, dominado por tons neutros. A austeridade da senhora é tanta que acaba por ser quase intimidatória.Vê-se que esta idosa está completamente a posar para o artista, seu filho, e como tal podemos deduzir que todos os elementos desta muito equilibrada composição acabam por ter sido colocados de uma forma deliberada, sem que nada esteja ao acaso.Há ainda a salientar o contraste produzido pelas suaves formas da mulher, cuja silhueta se inscrever sobre o fundo sóbrio do aposento, com contundentes linhas verticais e horizontais, através do qual o artista define a sua obra. A simplicidade da decoração limita-se a alguns quadros na parede, e a umas cortinas floridas. No cuidado ordenação do espaço, que leva à equilibração a composição, podemos captar a admiração que o artista sentia pela pintura do género do século de ouro da pintura holandesa. De facto o rosto de Anna M.Whistler de perfil é apenas iluminado pela luz que entra no aposento, luz essa que vai acentuar as suas feições.Uma muito bem colocada touca branca, com rendas brancas, prolonga-se por baixo dos seus ombros.Ela está vestida de negro e é essa touca que vai dar um pouco de cor à vestimenta austera.As mãos, feitas de modo a sobressair os punhos brancos de renda seguram um lenço e, apoiam-se sossegadamente sobre o regaço em sintonia com a placidez de toda a cena.Por sua vez os pés calçados de negro assentam sobre uma escalfeta. James Abbott Whistler, após uma longa estadia em Paris, no final da década de cinquenta do século XIX, trabalhou em Londres, criando um estilo muito pessoal, sempre de uma grande austeridade nos seus traços pictóricos, estilo esse distante das preferências dominantes na época.Lembro-me que quando vi esta tela em Paris, aglomeravam-se inúmeras pessoas para a apreciar e os comentários iam do jocoso à mais pura admiração. A obra exerce um estranho fascínio, posto que apesar de toda a sua simplicidade encontramos nela sempre motivos de admiração. Lembro-me de me quedar quieta a olhá-la e a pensar o diálogo travado entre mãe e filho durante a realização da mesma. O rosto desta mulher é de molde a pensarmos que talvez não se senti-se muito confortável, mas ao mesmo tempo o desejo de agradar ao filho tenha se tenha sobreposto a tudo.É uma obra que nos faz lembrar alguns mestres holandeses, devido à negritude dominante e aos traços do artista.Esta obra foi realizada por volta de 1871 e pode ser apreciada no Museu D'Orsay em Paris.No filme que se segue poderão observar mais algumas obras deste pintor.
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