terça-feira, março 06, 2018

Os Esquecidos da Noite dos Oscares

Numa cerimónia que cada ano perde espetadores e onde tudo foi do mais previsível possível, vimos o filme A Forma da Água ganhar quatro estatuetas. Eu gostei do filme como já escrevi aqui num post anterior e não fiquei escandalizada (como muita gente) por ver este filme, que não mais é que uma bonita fábula ganhar todos esses prémios deixando o preferido de toda a gente  que era o Três Cartazes à Beira da Estrada e o Chama-me Pelo Teu Nome, para trás salvaguardando é claro o Óscar de Melhor Atriz para Frances Mc Dormand assim como o de Melhor Ator Secundário para Sam Rockwell que entra no mesmo filme. Tal como também eu já o tinha dito aqui em post anterior este Três Cartazes...não foi filme que me tivesse enchido as medidas, mas o mesmo caiu no goto de muitas gente à conta do papel de F.McDormand que obviamente nunca faz feio, mas que para mim nunca sai do mesmo registo. Vê-la aqui é quase como vê-la em Fargo, posso estar a ser injusta mas é isso que eu acho.
O que mais me espantou foi o filme A Linha Fantasma,  que para mim é de longe  o melhor filme em cartaz  neste momento e aquele que perdurará como um filme intemporal, (ao contrário deste A Forma da Água) ter saído da cerimonia apenas com o Óscar de Melhor Guarda Roupa quando estava nomeado para Melhor Filme,Realizador, Ator, Atriz Secundária, Banda sonora e Guarda Roupa. Preferia que não tivessem dado nada ao mesmo, do que reduzi-lo assim a um filme sobre o mundo da alta costura e por arrasto de bonitos vestidos. Não se percebeu a subtileza deste filme,  de uma grande riqueza visual e  emocional onde o que vemos é a procura de  de perfeccionismo nesse mesmo mundo da alta costura, por parte do seu protagonista principal o incomparável D.Day Lewis, esse sim merecedor de um Óscar, como Melhor Ator Principal quanto mais não seja porque a sua prestação  no filme em causa é de uma  delicadeza e ao mesmo tempo de uma dificuldade ímpar. O facto de só ele ter capacidade para conseguir dar vida e  alma aquele personagem atormentado, que em outro ator  tenderia a resvalar para o vulgar, é digno de todos os aplausos e por isso foi com grande tristeza que vi que esta obra prima do cinema  não ter ganho praticamente nada , quando sabemos  que o realizador Paul Thomas  Anderson ser neste momento um caso aparte no atual panorama cinematográfico, mas se repararmos, sistematicamente esquecido pela Academia de Hollywood.
 No que respeita ao filme A  Hora Mais Negra, não acho que Gary Oldman tenha sido uma má escolha como vencedor do Óscar de  Melhor Ator Principal,mas se repararmos ele apenas ganha porque tomou para si os "tiques" de W.Churchil e está caracterizado para se parecer com este último mimetizando todas as suas falas e modos de agir.
 Se isso é digno de um Óscar? Claro que é, mas para mim D.Day Lewis está bem melhor porque a sua prestação é difícil, única e de uma riqueza de expressões e modos de agir que são maravilhosos e de muito  difícil realização, só conseguida porque estamos perante um ator portentoso! 
O mesmo se passou com outro filme maravilhoso Eu Tonya que também foi esquecido na categoria de Melhor Filme  e se ele seria bem indigitado! Esse filme marcará  para sempre a carreira de Margot Robin, uma atriz de uma força única e que aqui mostra não ser apenas e só uma cara bonita. A sua transmutação neste filme é a todos os títulos espantosa. Penso que se não fosse Frances McDormand o Óscar iria com todo o mérito para ela. Valeu o Oscar de Melhor Atriz Secundária (mais que merecido) para Allison Janney numa prestação (tal como já aqui referi em post anterior) absolutamente única, como uma mãe saída dos infernos.
No compito geral,penso que este ano consagrou.-se um filme bom, mas que em vista de outros ganhou mais do que aquilo que ele merece, tendo a Academia de Hollywood esquecendo-se olimpicamente de filmes bem melhores como os  por mim acima referidos.
Outra surpresa (ou talvez não),pelo menos  para mim foi o Óscar de Melhor Filme de Animação para Coco, quando ali tínhamos uma obra prima de animação extremamente original e muitíssimo bem conseguida, que era o Loving Vincent, assim como dar o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro ao chileno Uma Mulher Fantástica, quando tínhamos o Loveless-Sem Amor, que a meu ver, era  algo bem mais poderoso que o filme ganhador. 

Sem comentários: