Mas entremos um pouco mais na técnica dos frescos.
Em Florença, Miguel Ângelo aprendeu a técnica do fresco com o seu primeiro mestre Domenico Ghirlandaio e, tal como o recente restauro da Capela Sixtina (1990-1994) o demonstrou, o artista levou-a, segundo as palavras do restaurador principal, ao auge da perfeição. O termo "fresco" deriva da palavra italiana fresco.O pintor do fresco tem de trabalhar sobre o reboco fresco. Só enquanto este estiver húmido é que se produz uma ligação química com a tinta para que a pintura adira de modo indissolúvel à parede após a secagem.Para pintar um revestimento húmido, que seca com rapidez, o pintor tem de trabalhar ininterruptamente e com muita precisão. Para além disso, só deve preparar a superfície de reboco que consiga pintar num dia. Se olharmos atentamente estes trabalhos diários, chamados de giornate, são perceptíveis no traçado deixado sob a pintura pelos sucessivos rebordos de argamassa. Pelas grandes superfícies de giornate, na pintura da Capela Sixtina, pode reconhecer-se a espantosa velocidade com que Miguel Ângelo trabalhava.Contudo, antes de se pôr em prática a pintura de parede, é necessário efectuar as respectivas reparações. Primeiro reveste-se a parede com várias camadas de argamassa. Geralmente, dá-se em seguida uma camada de reboco áspero e sobre esta um revestimento mais delicado e liso.É esta camada lisa que será finalmente pintada. O artista transpõe para a superfície húmida o desenho previamente feito, em tamanho original, num cartão.Coloca-o sobre a parede e polvilhado traçado perfurado do desenho com pó de carvão para copiar sobre a parede os contornos da sua composição.Os pigmentos têm de ser inteiramente triturados e misturados com a quantidade certa de água.Esta tarefa é, na maioria dos casos desempenhada por ajudantes ou aprendizes. Os retoques e os aperfeiçoamentos nas pinturas só podem ser efectuados sobre a argamassa al secco/seco.A pintura a seco é, no entanto, menos duradoura.O restauro mais recente dos frescos de Miguel Ângelo tornou-se imprescindível uma vez que a pintura se foi alterando ao longo dos séculos por acção do pó e partículas gordurosas.Isso ficou a dever-se não só ao uso de velas e candeeiros a óleo na capela papal, como também á poluição do ar, resultante do trânsito de automóveis em Roma. Para além disso, os frescos forma no século XVIII revestidos com uma forte camada de cola, que lhes deveria garantir uma boa conservação. A camada de sujidade instalou-se sobre o revestimento de cola encobrindo a pintura como se fosse um vidro de janela embaciado. Após a limpeza, as pinturas recuperaram a cor viva original para que o observador possa ter novamente uma ideia do esplendor da cor com que Miguel Ângelo decorou a Capela Sixtina.Para proteger futuramente os frescos,equipou-se a Capela Sixtina com ar condicionado que renova o ar em intervalos de menos de uma hora e filtra o ar poluído vindo de fora.H´+a a referir que no restauro dos frescos, o processo de limpeza é iniciado com água. Em seguida, coloca-se aos poucos bicabornato de amónio sobre as várias camadas de papel japonês, colado em retalhos pequenos. Por fim, o fresco é tratado com água destilada.
Estes magníficos frescos de Miguel Ângelo podem ser apreciados no Palácio do Vaticano em Roma.
Link para uma visita virtual a esta excepcional capela:http://www.vatican.va/various/cappelle/sistina_vr/index.html
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