quinta-feira, junho 24, 2010

Reviver o Passado

A característica mais interessante e até estranhamente irónica quando revemos um homem que amamos e que há muito deixamos de ter qualquer interesse nele, é considerarmos o que é que víamos naquele homem, que nos levou durante meses, ou anos, a' partilhar' a nossa vida e por arrasto toda a nossa intimidade com ele!Acho que isso também é extensível aos homens, mas o que me interessa agora aqui analisar é o ponto de vista feminino. Muitas vezes , se não mesmo sempre, esse reencontro serve para verificarmos que o tempo cura tudo, e que não há melhor remédio senão deixarmos rolar os dias, meses e anos, para assentarmos a poeira mascarada de mágoa, dor, tristeza, resignação e muita estupefacção sentida após a ruptura. Esse reencontro é também em muitas situações essencial,para revermos e analisarmos os nossos próprios sentimentos, servindo também como uma forma de podermos seguir com a nossa vida para a frente, e encararmos a nova relação que entretanto estabelecemos com alguém de uma outra forma, talvez até bem mais positiva.Há a ideia que, quando alguêm termina uma relação, deve fechar essa 'porta' e seguir em frente, uma vez que o passado é passado e o que interessa é encarar um novo amanhã, até porque quando se fecha uma porta Deus abre múltiplas janelas. Contudo, e em muitas situações, ao fecharmos essa porta, não avançamos e encostamos-nos a ela, na esperança que o nosso passado retorne, e estando nós encostados a essa porta, mais depressa a abrimos. Como consequência disso, ficamos paralisados e esperamos,esperamos, até que um dia ela de facto se abre e retomamos a um passado poeirento e doloroso, verificando então, o tempo que perdemos, e o ganho que poderíamos ter tido se tivesses avançado a passos largos em direcção às janelas que solarengamente esperavam por nós.Isso é verificável, quando encaramos com o nosso passado e damos conta que o que resta dele nada mais é de que espectros sem qualquer sentido, que não vão trazer nada de novo para a nossa vida, são memórias ocas, sem consistência, sem qualquer forma ou conteúdo.Penso que nestas situações, o que nos resta fazer, é fecharmos mansamente essa porta aberta e encarar de uma vez por todas que o que interessa não é a perda desse passado, até porque algo de bom ele trouxe, (quanto mais não seja a possibilidade de aprendermos com os nossos erros) e seguir em frente tendo a certeza de que dias melhores virão, posto que, se aqui na terra fomos lançados é para possuirmos algumas alegrias, quanto mais não seja, a alegria de podermos verificar que a capacidade que temos de amar e de nos apaixonarmos não se perdeu nem jamais se perderá,com os tristes erros cometidos outrora.

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