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sexta-feira, março 23, 2018

As Nossas Aprendizagens

MaryCassat-Crianças Brincando na Praia
Há dias fui almoçar  a um centro comercial com um primo meu que tem duas crianças pequenas e cujas idades diferem pouco uma da outra. O que vi foi uma coisa que acontece sempre nas crianças e com maior acuidade entre irmãos, que é o a criança mais nova  imitar os comportamentos do irmão mais velho, mesmo que aqui no caso em apreço as idades diferiam em um ano e meio uma da outra. Sendo elas muito agitadas e com propensão para o disparate (devido à tenra idade) às páginas tantas a mais nova desata a despir-se porque viu a irmã mais velha a fazê-lo alegando estar cheia de calor. Depois uma quis ir a casa de banho fazer xixi e a outra disse que também queria ir.   Evidentemente que  o querer ir foi um mero comportamento mimético da irmã mais velha, posto que la chagadas ela declara que não tinha vontade.  O mais engraçado foi que enquanto uma era dada a choros para obter o que queria, a outra  a mais nova,  manteve-se ali firme sem nunca embarcar nesse vale de lágrimas da irmã mais velha que através delas procurava alcançar os seus objetivos. Aqui não houve um comportamento mimético e o meu primo disse que isso verificava-se porque a mais nova não era nada dada a choros e gritarias e  até por vezes se desgastava com os berreiros  da irmã, coisa que não deixei de achar um piadão.
 No meio disto tudo, ele  tentava ensinar-lhes modos de comportamento social, neste caso o modo de estar num restaurante algo que elas iam interiorizando lentamente. Quando me apanhei sozinha, dei por mim a pensar que o  carácter intencional da aprendizagem é uma característica particular do ser humano. Este caracteriza-se, simultaneamente, pelo seu dinamismo, ao estar sempre em mutação e procurar novas informações para a aprendizagem. É ainda criador, ao procurar novos métodos que permitam a melhoria da própria aprendizagem, por exemplo, pela tentativa e erro. Uma das meninas depois do almoço quis andar num parque que havia no centro comercial  onde nos encontrávamos e verifiquei que  no inicio ela  teve alguma dificuldade em entrar  por um tunelzinho que lá havia tentando ir  atrás da irmã mais velha. Contudo, ao fim de pouco tempo e depois de algumas tentativas falhadas, lá conseguiu entrar para  o mesmo e dali escorregar sem grande dificuldade. Assim, podemos observar que para desenvolvermos  o nosso processo de aprendizagem, todos nós seres  seres humanos necessitamos de estímulos externos (neste caso o querer imitar a irmã que se estava a divertir) e internos, como a motivação e a necessidade. Este processo provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que aprende, sendo, por isso, um processo pessoal que envolve a totalidade da pessoa. 
Por isso as crianças devem brincar, mexer em objetos, pintar, criar puzzles, para através desses mesmos objetos desenvolverem não só coordenação motora mas conseguir superar as dificuldades inerentes a qualquer nova aprendizagem. 
Deste modo durante  a aprendizagem, ocorre a interiorização de uma série de comportamentos e capacidades intelectuais, a aquisição de novos conhecimentos e o desenvolvimento de competências. Verifica-se também assim a  alteração de conduta de um indivíduo, em que as informações adquiridas podem ser absorvidas através de técnicas de ensino ou pela mera aquisição de hábitos, como por exemplo lavar as mãos antes das refeições, escovar os dentes ao levantar-se da cama, etc. 
Graças à capacidade para aprender, o ser humano consegue uma melhor adaptação ao meio que o rodeia, verificando-se que a maior parte da aprendizagem que o homem adquire é consequência da imitação de outras pessoas, como era aqui o caso de uma das crianças em relação à outra. Nessas idades verifica-se que os irmãos, os pais, os primos, os amigos tornam-se "alvos" preferências para a imitação da criança e se a mesma não tiver bons "alvos" a sua aprendizagem tornar-se-á deficitária visto o modelo a seguir ser um modelo errado. Isso poderá prejudicar o individuo para sempre a menos que o mesmo consiga superar esses modelos arranjando outros mais em consonância com aquilo que a sociedade lhe exige.
Há que também haver motivação para a aprendizagem. Uma criança se for bem motivada aprenderá muito melhor e mais depressa e sobretudo aprenderá com satisfação, assim como a diversidade da informação. Qualquer individuo e em especial uma criança gosta de diversificar a sua aprendizagem. Se a mesma for repetitiva, maçadora, assustadora e até impaciente, este tende a afastar-se e com mais razão o fará uma criança que ainda não adquiriu os mecanismos básicos para um foco naquilo que tem de aprender. 
O estado  emocional de um individuo também vai influenciar o modo como este aprende uma vez que existe uma propensão para recordarmos melhor os acontecimentos que se encontram associados a experiências especialmente felizes, tristes ou dolorosas.  Além disso, também nos lembramos melhor dos acontecimentos quando estamos atentos, o que significa que o interesse reforça a aprendizagem. Deste modo, compreende-se que o processo de aprendizagem é de suma importância para o estudo do comportamento do ser humano e ela deve verificar-se desde tenra idade.    

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