Curiosidades!

sexta-feira, setembro 27, 2013

À Beira de Um Ataque de Nervos-I

E.Munch-O Grito
Eu sou muito caseira. Tenho uma ligação muito grande com  a minha  casa. Tenho muita dificuldade em mudar-me dela. Liguei-me a ela e enraizei-me. Talvez devido a isso, tenho muita admiração por pessoas que estejam constantemente a mudar de sítio, ou porque a renda ou a localização é melhor ou porque não se agarram a nada e simplesmente pegam na família e nos móveis e vão para outro lugar, quase sempre melhor, porque penso que ninguém se muda para ficar pior a não ser mesmo por estrita necessidade, o que actualmente  e infelizmente até tem acontecido muito. Pelos motivos acima assinalados estou mesmo em baixo porque a minha casa tem uma ruptura de canalizações e simplesmente....chora.
 Chora  porque sai água das paredes, sai água do chão, cai água na vizinha de baixo e ninguém consegue parar esse choro. Eu choro por ela, em solidariedade com ela. Estou assim há oito dias, desde a semana passada, quando a minha vizinha veio tocar à minha porta queixosa do que lhe estava a acontecer e pedindo  para eu ir lá abaixo ver o 'bonito serviço'  que a minha casinha estava a fazer à dela. Eu lá fui e não gostei nada do que vi. A pobre senhora estava constantemente a apanhar água que escorria da parede, e ela própria também já chorava. Veio a administração com o canalizador. Este último, que parecia perceber e muito da coisa em causa...começou logo a falar de partir paredes, e eu que na minha ingenuidade pensava que esse partir  paredes seria na escada fiquei logo desenganada, pois o mesmo tratou logo de dizer que a partir coisas era mesmo dentro da minha rica casinha!
 Fiquei em estado de choque pois isso de partir coisas não é comigo. Sou de paz e ver a minha casa a levar com um escopo e um martelo, a ser quebrada até se ver os malditos canos que vertem  desalmadamente e sem qualquer dó nem piedade por mim, põem-me simplesmente doente.
O pior ainda estava para vir. O meu chão que é em  madeira envernizada, num ataque de  solidariedade para com as paredes começou a inchar devido à água que se infiltra nele. O hall começou a estar em tal estado que eu mal conseguia andar. Há dois dias tropecei e estatelei-me no chão! A dita água, malandra e insidiosa começou a alastrar-se para uma das salas e também ali começou a aparecer 'barrigas de 3 meses'. Foi onde caí!
 Ora toma lá e tem mais cuidado a andar na tua própria casa!
O estalar do chão começou a ser audível e em desespero comecei a deprimir-se seriamente. Ontem veio outra vez o canalizador. Também ficou em estado de choque ao olhar para a minha casa. Esqueci de vos dizer que tudo isso se deve porque simplesmente eu espero há dias pelo perito dos seguros que ainda não fez a sua aparição, que a meu ver deve ser em grande, pois a espera assim mo leva a crer! O canalizador para eu não cair  outra vez e com muita pena de mim, fez o favor de me tirar alguns dos tacos do chão e aconselhou-me a pô-los a secar pois terei de os aproveitar, porque senão vou ter que colocar outro chão novo, coisa que nem me passa pela cabeça. Quando eu ia colocar o chão a secar no pátio que eu tenho, S.Pedro resolveu fazer a sua aparição  e começou a chover de grande! Como vêm é tudo a ajudar-me!
Resolvi então colocar alguns tapetes que ajudam não só a ensopar a água do chão como também não me farão cair devido à irregularidade do chão. Também tenho alguidares a apanharem agua que cai do teto...enfim...estou bem sitiada!
Continuo à espera dos peritos, continuo a espera que se faça algo. Tenho a casa num belo estado.
 Não convido ninguém para ela porque o cheiro a humidade e o estado em que ela está aconselham-me é a ir para um hotel Spa e ficar lá até que alguém me telefone e me diga que tudo está resolvido, que tudo já está arranjadinho, tapadinho,  arrumadinho e pintadinho e que posso regressar feliz e contente  à minha casinha. Num mundo perfeito era assim que devia acontecer. Neste mundo cão, e de peritos dos seguros  que não aparecem, terei é de aguardar e desesperar-me sempre na esperança que dias melhores virão.

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