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quarta-feira, junho 15, 2011

Carlos, o Chacal

Desde o início, este filme de Olivier Assayas, «Carlos, o Chacal» teve duas vidas: uma versão integral de cinco horas e meia, exibida em alguns festivais de cinema e destinada a ser emitida enquanto mini-série televisiva, e a versão remontada para exibição cinematográfica, de duas horas e meia, que está a estrear em todo o mundo já está em exibição em Portugal. Segundo Olivier Assayas, era a única forma de ser fiel à complexidade do protagonista cuja vida recria, Carlos o Chacal, tornando-o acessível ao grande público da salas de cinema.Assayas, que já assinou películas como «Clean» e «Irma Vep», tem em «Carlos» o filme mais elogiado da sua carreira, embora a estreia no Canal Plus o tenha colocado de fora de vários prémios cinematográficos, como os Óscares. O filme cobre todo o período que vai da integração de Carlos o Chacal nas fileiras militares palestinianas até à sua prisão no Sudão em 1994, passando pelas suas intervenções mais célebres como a operação no quartel-general da OPEC em Viena onde fez reféns todos aí presentes, no longínquo ano de  1975.Gostei muito do filme.Com uma pesquisa minuciosa de todo o período histórico que retrata, «Carlos» tem um dos seus maiores trunfos no seu protagonista: o venezuelano Édgar Ramírez,(muito bem caracterizado), até agora visto apenas em papéis secundários em filmes como «Ultimato»  de  Paul Greengrass ou «Ponto de Mira» de Pete Travis.A única critíca que tenho a fazer é que os "cortes" que foram necessários efectuar ao filmes, para a sua exibição nas salas de cinema, acabam por truncá-lo. Isso é visível na última hora do filme( este tem aproximadamente quase 3 horas de duração) em que o percurso familiar de Carlos,(após o seu casamento com Madalena Krupp), os seus atentados pós queda do Muro de Berlim, a sua lenta debilidade física ( o problema que padecia nos testículos) assim como a sua relação com os membros das brigadas terroristas alemães, não são mostrados. Ora, isso seria importante para percebermos o modo como ele vai parar ao Sudão, e a sua subsequente captura nesse país.Contudo, não se pode querer tudo, e aquilo que nos é mostrado é o suficiente para este Carlos ser considerado um dos grandes filmes do ano, para mim uma "obra prima do cinema", posto que esta reconstituição da vida deste notório terrorista playboy/psicopata/sanguinário inconsequente, é de longe do que de melhor se fez em cinema até hoje. Está de parabéns Olivier Assayas e toda a sua equipa técnica,assim como está de parabéns Édgar Ramires, um notável Carlos.

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