Curiosidades!

quarta-feira, junho 01, 2011

As Crianças na Arte

Neste dia Mundial da Criança, trago-vos aqui quatro obras de pintores consagrados, em que apesar do tema não ser propriamente as crianças no seu todo,elas aparecem como parte integrante da obra e mostram a sua relação com os demais que os rodeiam. A primeira tela é de George Romney e representa uma mãe em atitude intima e carinhosa para com a sua filha, encarnando os ideais de sensibilidade que, naquela época, dominava a mentalidade inglesa, em clara antecipação ao movimento Romântico.Descritos por escritores da craveira de uma Jane Austen, em obras como 'Sensibilidade e Bom Senso', os novos ideais postulavam um regresso à autenticidade e espontaneidade humanas. Dentro dessa ideologia a educação infantil também foi revista, passando a dar mais importância ao papel da mãe em relação ao crescimento do seu filho.Deste modo, por exemplo, evitava-se que as "amas" dessem peito sendo as mães a amamentar os bebés, ou estimulavam-se as crianças a expressar os seus sentimentos livremente, afastando-se das estritas e tradicionais formalidades e conservadorismos ingleses.Pintores como George Romney contribuíram assim para dar uma visão idealizada e inclusivamente muito terna e doce da maternidade e da relação das mães com os seus filhos.Romney também consegue nesta tela  transmitir extrema elegância a todo o quadro nomeadamente às roupas tanto da mãe como da sua filha.A sofisticação que se desprende da obra é evidente e contrasta com a suposta intimidade que Romney quer expressar através da sua pintura.Podendo ser apreciada no Tate Galleries em Londres, esta obra intitula-se de Mrs Johnstone e a sua Filha, e é um óleo sobre tela, e foi realizado por volta de 1775/1780.
A segunda obra que aqui aparece é do pintor inglês William Mulready.Esta cena tem lugar num ambiente rural e representa uma aula dada por um velho professor, na escola de uma povoação.Este está a fazer uma exagerada reverência a um aluno que acaba de entrar atrasado na sua aula,num gesto claro de ironia.Trata-se de uma  tela muito dentro da linha da obra de Mulready, que frequentemente descrevia cenas infantis relativas à educação. De facto os meninos que estão por  trás do aluno que chega atrasado não se atrevem a entrar, com medo de um eventual castigo com a vara do professor.Outra criança ( que se encontra de costas para nós e com um casaco vermelho) por qualquer motivo já foi castigado com a vara do professor, pois as sevícias corporais eram um método educativo muito utilizado na Inglaterra vitoriana. Verificamos assim que estamos perante uma obra  cujo tipo  de temática era muito própria desta Inglaterra vitoriana, que valorizava extremamente a educação, os costumes e a manutenção das "formas e regras" na sociedade.Esta obra constitui um excelente exemplo do chamado "naturalismo rural", que, longe de ser "naturalista", apresentava, pelo contrário, um ambiente sentimental e idealizado, tal como se pode ver na cor extremamente viva e pouco natural que domina toda a composição, típica do período de maturidade de Mulready.Esta tela foi exposta na Academia de Artes, em 1837, quando Mulready tinha quase cinquenta anos.Intitulada de "A "Ultima Entrada", é óleo sobre tela e pode ser também apreciada no Tate Galleries, Londres.
A terceira tela que aqui aparece é de Sir John Everett Millais (que já abordei aqui num post anterior a propósito da sua obra Ofélia).Esta obra de Millais mostra-nos um episódio da meninice do conhecido explorador do século XVI, Walter Raleigh, sendo uma das obras mais populares deste artista. O jovem Raleigh ouve com profunda atenção da mesma forma que o seu pequeno irmão, as aventuras marítimas e terrestres que um velho marinheiro genovês lhes está a contar.É interessante observar a postura dos dois meninos, que sentados, parecem estar completamente alheados de qualquer coisa.A sua atenção está completamente entregue a essas histórias que o marinheiro lhes explica com veemência.Este, de costas para nós espectadores, está vestido com uma calças vivamente vermelhas e uma camisa beje.A indumentaria dos meninos é, sem dúvida um exemplo da classe burguesa à qual pertencem.Ambos estão vestidos com calções verdes e azuis e com casacas e golas brancas.A luz que banha a composição é própria do entardecer e, por este motivo, as cores têm tonalidades alaranjadas.É também curioso o barco de brinquedo à esquerda da composição, que faz uma clara alusão às futuras aventuras do jovem explorador.Também o fundo da paisagem marítima é uma representação da costa de Devon, que se encontravam relativamente perto do lugar de onde Raleigh era oriundo.Intitulada de "Os Meninos de Raleigh", está obra é um óleo sobre tela e foi realizada por Millais por volta de 1890.
Esta última obra, "Quarenta e Dois Miúdos", é do pintor americano George Bellows, nascido em 1882 na cidade de Columbus e falecido em Nova Iorque em 1925. Nela vemos uma série de rapazes divertindo-se num molhe a beira rio. À direita desse molhe, uma criança foi imobilizada a meio do mergulho.Todas elas foram captadas como se de uma fotografia se tratasse, numa fracção de segundo.O artista usou pinceladas rápidas para simplificar a representação dos corpos  e transmitir a fugacidade do momento vivido. Bellows rejeitou a formalidade dos artistas seus antecessores, com os seus retratos de poses estudadas e paisagens idílicas. Ao invés, o seu objectivo era captar a vida tal qual ele a via. Foi influenciado e inspirado pelo chamado "Grupo dos Oito" que acreditava que a arte devia espelhar a realidade, em particular a realidade agitada da cidade.G.Bellows pintou regularmente temas relacionados com a energia da vida citadina.Pintou retratos e paisagens, tendo mais tarde feito experiências com temas e técnicas diferentes.Bellows personificou o espírito americano, no seu entusiasmo e ânsia de viver tanto na sua obra como na sua vida.Esta obra realizada pelo artista em 1907, é óleo sobre tela, e pode ser apreciada no Corcoran Gallery of Art em Washington.

Sem comentários:

Enviar um comentário