Curiosidades!

domingo, outubro 22, 2017

Amando Van Gogh

Ontem fui ver um filme que foi para mim uma experiência cinematográfica única: A Paixão de Van Gogh, (co-produção inglesa e polaca), ou no título original Loving Van Gogh
De facto, este filme realizado pelo animador britânico  Hugh Welchman (Pedro e o Lobo/2006) e pela sua esposa, a polaca Dorota Kobiela, dá-nos a conhecer os últimos dias de vida de Van Gogh, esse genial pintor holandês prematuramente falecido, durante a sua  estadia na vilazinha de Auvers-Sur-Oise, em França.
 Eu adoro este pintor e fiquei a gostar mais dele quando fui visitar em Amesterdão o museu com o seu nome e aí constatei como de facto as suas pinceladas são de uma beleza de nos tirar o fôlego. No caso em apreço, este  filme pretende ser uma possível  explicação para o mistério que rodeia a sua morte, semanas depois do mesmo se ter auto mutilado cortando uma orelha e oferecendo-a a uma prostituta de um dos bares que ele ia com alguma regularidade.
É também a primeira longa metragem completamente pintada feita até hoje no mundo, ou seja, para simplificar o que ali vemos são como quadros do artista  que ganham vida própria. 
O que mais me espantou foi que cada personagem é apresentada-nos na mesma posição em que o pintor as imortalizou para sempre e depois é que se movem.Para mim isso foi espantoso, porque para quem conhece as obras de V.Gogh ver de repente o Dr Gachet sentado a uma mesa de mão no queixo e de repente começar a falar é uma coisa sublime, assim como outros personagens que povoam o filme. Também o facto da história nos ir sendo contada por Armand Roulin filho de Joseph Roulin, o carteiro que V.Gogh imortalizou numa das suas telas, dá uma dinâmica muito grande à história, pontuada aqui e ali por alguns momentos de fino humor muito interessante.
Para que este filme de animação  pudesse ser feito foram pintados 853 quadros a óleo, feitos por mais de 100 artista, a partir das 1430 obras de Van Gogh algo que nos é dado a conhecer logo antes do filme começar. Ao todo foram usados 65 mil fotogramas, uma loucura mesmo. Os atores que aparecem estão caracterizados de uma forma sublime às personagens dos quadros e isso é de nos pasmar até ao fim. No genérico final ficamos a saber o que aconteceu aos personagens e mesmo isso é feito de uma forma super original, não esquecendo a música parte integrante do filme e que acaba por ser uma mais valia irrepreensível. Sem ser um filme recheado de nomes sonantes (coisa que achei fantástico, posto que assim fixamo-nos na história e nas imagens e não nos atores) no elenco podemos ver Douglas Booth, Jerome Flyn, Saoirse Ronan, Chris O'Dowd entre outros. Adorei o filme e achei o mesmo lindíssimo e de uma originalidade ímpar e penso que será nomeado para o Óscar de Melhor Filme de Animação com toda a justiça.

segunda-feira, outubro 16, 2017

Uma Saga Intemporal

Há muitos  anos atrás estando numa das livrarias da Europa-América, comecei a ler as primeiras páginas de um livro denominado O Clã do Urso das Cavernas, da escritora americana (de ascendência finlandesa) Jean M.Auel.
 Logo nas primeiras páginas fiquei cativada pelo livro e comprei-o. Sei que o li nessas férias em "três tempos" e depois apercebi-me que já tinham saído o livro seguinte denominado de O Vale dos Cavalos. Na altura como tinha outros livros para ler não comprei esse segundo volume. Anos mais tarde entrando numa outra livraria  que estava em liquidação vou dar com esse segundo volume e mais os seguintes todos arrumadinhos numa prateleira. 
O terceiro volume dividido em dois era Os Caçadores de Mamutes I e II o quarto volume também dividido em dois era o Planícies de Passagem I e II.
Na edição portuguesa há essa divisão de livros em livro I e livro II coisa que verifiquei não existir em outras edições como por exemplo no Brasil. Eu acabo por ter sete livros da saga e não tenho oito porque não foi editado em Portugal o Abrigo de Pedra.
Como os livros até estavam a preços bem acessíveis comprei-os a todos sem saber na altura, que essa saga tinha seguidores por tudo o que é sitio, está traduzido em inúmeras línguas, é considerado um best seller pelo número de obras vendidas, enfim...é um sucesso de vendas por todo o lado. É até  muito difícil de encontrar hoje alguns desses livros estando o Planícies de Passagem I esgotado.
 Mas que  Saga dos Filhos da Terra é essa?
 É a história de Ayla uma criança pré-histórica que devido a um sismo se separa da sua família e é encontrada quase morta num leito de rio por uma tribo de Neanderthais que por ali passavam à procura de uma nova caverna precisamente devido a esse sismo havido na região. Sendo ela Cro-Magnon e por isso com uma aparência física já distinta da tribo que a acolhe e com outras capacidades mentais bem mais evoluídas  e inventivas, cedo se destaca nessa sua nova família. O processo do seu crescimento é feito de aprendizagens várias nessa novo clã, muito sofrimento, descoberta dessas  suas capacidades mentais superiores aos demais que a rodeiam  e no fim da obra (Spoiler!) ela é expulsa do clã e parte em busca do seu próprio destino. Abre-se assim uma porta para a continuação da história. 
O que é que nos cativa em Ayla e o que nos afasta dela?
Cativa-nos a sua ingenuidade e  vulnerabilidade por se encontrar rodeada de gente desconhecida. De um momento para o outro ela vê-se sozinha num outro clã que não o seu. O facto dela ser uma sobrevivente nata faz dela uma personagem quase mítica.
 Afasta-nos a sua perfeição. De facto Ayla é o ser perfeito por excelência a começar pelo seu aspecto visual, visto ela ser a típica nórdica, alta, loura e de olhos azuis, se bem que ela própria se vê a si própria como bastante feia, em comparação com as outras mulheres do clã.
 Outro aspecto é que a  escritora, (que vemos que tem um carinho enormíssimo pela sua personagem principal) tanto a quis endeusar que demos por ela ser curandeira, cozinheira, engenheira, exímia caçadora, domadora de animais, ....enfim...aquela que todas as outras invejam e causadora de rancor até por parte dos homens que por ela se sentem atraídos/ameaçados. 
 No segundo volume  vemos que Ayla consegue viver sozinha durante anos, no Vale dos Cavalos a que o título alude, tendo por companhia animais que ela vai adotando, nomeadamente um cavalo, um lobo e um leão, até encontrar o que será o seu eterno companheiro,  Jondalar. A partir daí achei que a saga vai perdendo vigor e mesmo terceiro livro os Caçadores de Mamutes I e II a salvam desse torpor. Mesmo o triângulo amoroso que se desenvolve neste volume o salva de ser demasiadamente e exaustivamente explicativo...parecendo por vezes leitura para totós!
 Para mim Planície de Passagem I e II  vai revitalizar  a saga posto que é aqui mostrado a viagem do casal com os  seus adorados animais empreendem até a terra de Jandolar onde pretendem fixar-se, atravessando para isso parte da Europa da altura.É uma viagem cheia de aventuras, perigos e por isso a sua leitura é bem mais fácil e empolgante de ser feita. Pegamos nos livros e não conseguimos largar a sua leitura a ver se eles conseguem mesmo alcançar as terras dos familiares de Jandolar.
 Pelo que li a autora destas obras a Jean Auel, para poder escrever todos estes seis livros, (saiu em 2010 Abrigo de Pedra, não editado em Portugal e em 2013, A Mãe Terra esse sim já cá editado e posto à venda por uma outra editora que não a Europa-América) percorreu vários países em busca de conhecimentos pré-históricos, passando até por Portugal.  
Repito:vê-se que a sua pesquisa é exaustiva e por vezes até repetitiva, tanto ela nos quer mostrar com eram os feitos os tratamentos, como era confeccionado os instrumentos sejam eles de culinária ou de defesa, o modo como a higiene era realizada, as plantas certas a serem utilizadas, o enamoramento, os ritos de acasalamento,a descoberta do modo de fazer fogo, a separação de tarefas entre homens e mulheres...enfim o possível modus vivendi desses povos antigos.
Como não está editado em Portugal o Abrigo de Pedra eu não o pude ler, mas li os A Mãe Terra.
Verifico que é dos livros mais fracos da escritora. E de facto um romance histórico com perto de seiscentas páginas e a autora  continua dá a dar-nos conhecer muito da possível vida desses povos antigos .  Não deixei de o ler até ao fim, mas vê-se que a mesma quer esticar algo que já não tem por onde ser levado, há passagens muito repetitivas, até chatas se possível. Auel no afã de  colocar a par da história os que pela primeira vez lêem um dos seus livros sem o ter feito pela ordem cronológica,acaba por se estender imenso na explicação das histórias anteriores tornando a leitura por vezes algo maçadora. Isso acontece repetidamente  neste último livro,verificando-se isso no modo como ela elabora a explicação  do modo de vida e dos membros das várias famílias espalhadas pelas diversas cavernas existentes no vale. Contei várias páginas só disso o que é muito e torna tudo muito repetitivo e desgastante, posto que vendo o modo de viver de uma família vemos todas.  
Nesta obra, tal como nas anteriores, Ayla continua a ser a heroína incontestada, a que faz tudo bem, a que tem o poder de ir sempre mais longe. O amor que ela tem por Jondalar  continua intocável, mas mesmo aí poderia haver alguma atrito para apimentar a história, mas nem isso se dá.Mesmo  o pequeno atrito existente nas páginas finais entre os dois, não chega para dar alma ao livro que se perde em coisas que a meu ver são inúteis e pouco acrescentam à história. Tanta perfeição de Ayla é demais, pelo menos que a mulher tivesse algum defeito! Mesmo a sua santa ingenuidade e crendice no que os outros lhe dizem acaba por não ser um defeito mas uma virtude, posto que ela não vê maldade nos que a rodeiam. 
Contudo... eu adoro os livros desta saga...adoro de verdade!Mesmo com esses defeitos todos, acho que esta Saga dos Filhos da Terra, são livros muito bem escritos, a pesquisa da autora é de se louvar, ela escreve de uma forma muito honesta e quer sobretudo dar-nos a ver o que poderia ser o modo de vida dos nossos antepassados. Daí ela ser tão exaustiva, por vezes dá-me ideia que ela esquece que está a escrever um romance e não um livro de historia.
Os personagens apesar de algo estereotipados/maniqueístas quando há os maus são mesmo maus (verificou-se isso no primeiro livro mais do que nos outros) e quando há os bons esses são mesmo bonzinhos, acabam por nos cativar, assim como nos cativa ler o modo como esses povos viviam sempre em constante sobressalto e o que faziam para poder sobreviver nas suas cavernas. Esta é uma leitura que recomendo se conseguirem encontrar os livros desta saga de Jean M.Auel. Penso que a Ayla ficará sempre como a minha  heroína do tempo da pré história.
Curiosidade:Há um filme bastante datado, baseado na primeira obra. Nunca o vi, não sei se é bom ou não. Vi o trailer e é com a Daryl Hannah.

sábado, outubro 14, 2017

Nunca Me Deixes


Eu já tinha ouvido falar neste filme  Never let Me Go-Nunca me Deixes, mas como ele muito estranhamente  não foi para o circuito comercial e saiu directamente para Dvd não o pude ver no cinema. Assim que soube que o mesmo ia ser exibido num dos canais de televisão não o quis perder e de facto o filme é altamente perturbador, assombroso e ao mesmo tempo de uma beleza rara em termos de sensibilidade cinematográfica.

Realizado por Mark Romaneck   o filme parte da obra do laureado Kazuo Ishiguro o grande vencedor do  Nobel da Literatura deste ano. Tem como protagonistas Carey Mulligan, Andrew Garfield, Keira Knightley e Charlot Rampling. 
Um filme que nos assombra, perturba profundamente, e nos faz pensar sobre os meandros da infância, amizade, traição e sobretudo sobre a inevitabilidade da morte.

sexta-feira, outubro 13, 2017

Sir Edward Coley Burne-Jones-A Escadaria Dourada

Adoro esta tela do pintor Edward Coley Bourne-Jones, denominada de A Escadaria Dourada, porque há nela um não-sei-quê-de-misterioso que nos deixa a pensar para onde vão estas dezoito mulheres que transportam consigo instrumentos musicais. Irão elas ao fim da escadaria realizar um concerto?

terça-feira, outubro 10, 2017

Jean-François Millet-As Respigadoras

Jean François Millet o autor desta lindíssima obra aqui apresentada, da-nos a conhecer nesta sua tela, mais um dos seus temas favoritos, ou seja, o mundo  campestre. Tal como em O Angelus, Pastora a Tecer,e Pastora com o seu Rebanho o que aqui vemos é uma composição cuja temática é a dos trabalhos no campo. No caso em apreço trata-se trata-se de um trabalho realizado por três mulheres de aspecto muito pobre. Têm em mãos uma tarefa árdua, pois o que elas fazem é respigar o campo após a colheita, de modo a respigarem os grãos que ficaram no terreno.Muitas vezes esse trabalho era feito por mendigos que depois dos campos ceifados invadiam os mesmos, tentavam apanhar os grãos que tinham ficado caídos no solo.A paisagem é totalmente horizontal num dia de céu claro. Ao longe vemos ceifeiros carregando  carroças de bois e um homem a cavalo, provavelmente o fazendeiro dono das terra, que vigia o trabalho. Duas das mulheres estão de costas curvadas para o solo, tendo ima das mãos  na terra e segurando ramos secos na outra.
A terceira mulher está num plano mais horizontal mas tal como as outras não lhe vemos o rosto.Nas cores predomina o bege apenas quebrado pelas cores das vestimenta das mulher em primeiro plano onde predomina o azul da sua saia. Todas elas cobrem os cabelos com lenços simples mas coloridos. . É uma tela ao mesmo tempo triste mas muito realista, pois o que Millet pretendeu com ela foi retratar de uma modo muito cru a vida dura dos campos e as personagens que nela ganham a sua vida.
 Esta bonita composição é um óleo sobre tela denominado de As Respigadoras e pode ser apreciada no Museu D'Orsay em Paris.

sábado, outubro 07, 2017

Mais uma Sequela para Esquecer


Uma das coisas que sempre me fez e continuará a fazer confusão em termos cinematográficos é o porque de se mexer em clássicos de cinema pegando neles e fazendo uma continuação. Que haja franchises muito bem sucedidos a nível mundial, como é o caso de Fast and Furious (Velocidade Furiosa) onde o que ali vemos é apenas e só um produto para ver e esquecer no momento seguinte, por mim tudo bem, mas pegar em clássicos do cinema e fazer deles uma continuação que neste caso em apreço é sem pés nem cabeça, para mim é coisa de partir o coração para quem gosta de cinema como é o meu caso. Estou a falar-vos de Blade Runner-2049 o filme que estreou agora em Portugal e que é uma continuação do belíssimo Blade Runner de R.Scott, estreado nos longínquos anos oitenta, mais concretamente em 1983. 
Eu sempre fui fã incondicional das obras de Philip K.Dick o magnífico escritor de obras de ficção científica, de onde o filme se baseia e por isso quando o filme estreou nesse ano eu coloquei-me no cinema em menos de nada. Lembro-me que no dia que estreou este Blade Runner estreou também o ET e era ver qual deles causava mais estranheza e é óbvio que na altura o ET deu 10 a 0 a este Blade Runner porque a maior parte das pessoas achou este BR um objecto cinematográfico, exótico, violento, e muito para a frente. De facto, ver aquele mundo futurista onde tudo era tão sombrio, sempre a chover, as ruas apinhadas de gente tão estranha e onde tudo era tão caótico (parecia-se  com as ruas de cidades da China ou da Tailândia) deprimiu muita gente só de pensar que em 2019 o mundo pudesse ser assim. Aqueles neons gigantesco onde a cada segundo se fazia a apologia da necessidade de se tomar a pílula, a contínua e descarada publicidade à Coca-Cola,aqueles prédios absurdamente gigantescos, os carros a circularem pelos ares, o facto de nunca se ver a luz do dia devido à poluição da atmosfera,os bares  e restaurantes  apinhados das pessoas mais exóticas que nos era dado a ver, afastou as pessoas do filme, preferindo recolherem-se na história do ET esse bem mais familiar e ternurento.
 Eu como nunca fui dada a ET e como já lia as obras do Philip K Dick, adorei este Blade Runner, passei a ser fã incondicional do R.Scott, fui logo comprar o disco dos Vangelis quando o mesmo saiu quase a par do filme, ouvia-o de manhã à noite, tinha um walkman e adormecia com ele nos ouvidos a ouvir essa banda sonora absolutamente divinal e  que encaixava no filme como uma autêntica luva. A partir desse filme passei a amar o actor  Harrison Ford, a Sean Yong, o Rutcher Hauer, a Daryl Hannah o Eduardo James Olmos e quando estreava um filme em que eles entrassem eu ia logo a correr ver. Lembro-me de ter ido ver o filme duas vezes completamente fascinada por tudo aquilo. Mais tarde, mais muito mais tarde, quando saiu o dvd adquiriu-o logo e de quando em vez vou vê-lo. Esta semana, talvez devido ao facto de ter estrado a sequela o canal Hollywood passou a exibi-lo e eu lá estava pregada ao filme. Penso que este filme mitificou para sempre os personagens e até os actores que nele entraram. Eram de facto magníficos e a fotografia ajudava imenso a isso. A entrada da atriz  Sean Yong no filme é das coisas mais lindas em termos fotográficos que me foi dado a ver a par da de D.Hannah  caminhando por aquela rua deserta tendo por pano de fundo a musica dos Vangelis. Rutger Hauer tem aqui o papel de uma vida quanto mais não seja pela sua fala final (hoje considerada uma das grandes cenas em termos cinematográficos) com aquela fotografia de nos pregar à cadeira.
No dia anterior as ir ver essa sequela que agora estreou estive a rever o filme para o ter na retina quando fosse ver este Blade Runner-2049. 
Fui vê-lo ontem e não sai ao meio do filme por respeito ao R.Scott que agora aqui entra na qualidade de produtor, tendo a realização ficado a cargo de um realizador que eu gosto muito (aí porque me traíram ambos assim..) o Denis Villeneuve, o mesmo do magnífico Arrival que vos falei aqui aquando da sua estreia.
Bem, o filme pretendendo ser uma sequela do original é para mim uma bela bosta. Desculpem ser assim seca...mas é o sentimento que passei a nutrir pelo filme.A começar pela personagem principal o actor Ryan Gosling que para mim só deveria ter feito dois  filmes: Drive e Só Deus Perdoa. Depois disso deveria ter-se retirado, com a sua bela mulher para uma quinta na Califórnia e por lá com aquele ar de canastrão, criar cavalos e plantar árvores. Ver este actor ajudar a estraçalhar um filme que é uma sequela de um clássico é da pessoa rasgar as vestes. Este rapaz passa o filme com um ar tão inexpressivo e ensimesmado, que um leão marinho perto dele é um ser do mais alegre e expressivo que possamos imaginar. Se aquele ar era supostamente de um andróide sem emoções, vamos ali e já vimos. Conselho: Antes de teres posto esse ar deverias ver e rever  o Rutger Hauer durante horas e aí verias o que era ser um andróide.Mesmo as cenas em que lhe é pedido um pouco mais de emoção, a coisa é tão forçada, mas tão forçada que ou eu me engano ou o rapaz estava para lá de contrariado apor se ter metido neste projecto...só pode! Deste canastrão estamos entendidos, pois nem vale a pena gastar as minhas meninges neste personagem.
 Agora vamos ao Jared Leto. Eu adoro o Jared Leto, o vocalista desta (para mim) mítica banda que é o 10 Seconds to Mars. O rapaz está a abandonar paulatinamente a música e a entrar no cinema. Via-se que ele gostava deste mundo devido aos seus video clips autênticos pequenos filmes, verdadeiras pérolas de criação artística muito bem realizados. Ele é  um bom actor e isso viu-se quando o mesmo fez aquele papel de destrambelhado no filme Sala de Pânico. Depois entrou no Clube de Dallas onde ganhou o Óscar de actor secundário, fez outros filmes não tão visíveis até ter chegado ao papel que é amado/odiado por muitos que é  de Jocker em Esquadrão Suicida. Parece que o J.Leto se especializou em papéis de composição e aqui foram-no buscar por essa sua versatilidade. Bem, ele não entra no filme muitas vezes, mas quando entra para além de grandes tiradas e uma performance algo sinistra, nada dali sai de memorável. Vazio, oco e a esquecer no fim do filme. Eu quando vi o trailer ainda julguei que ele iria ser o cerne do filme como "herdeiro"do império Tyrell Corporation, e rivalizar com o magnifico papel feito pelo actor Joe Turkel como o dono dessa corporação a grande fabricante de replicants humanóides no primeiro BR. Puro engano, posto que  a participação de Leto aqui é para esquecer pois nada fica retido em nós, a não ser o magnífico  edifico onde agora alberga a Wallace Corporation...o que é dizer   muito pouco sobre ele!
Harrison Ford para mim foi a grande, mas mesmo a grande desilusão do filme. Resolveram irem buscá-lo para mostrar-nos um Rick Deckard, totalmente envelhecido, sem chama, frio, distante, pateticamente só, com umas falas super banais e que logo que entra desata aos murros e aos tiros sem qualquer sentido ou propósito. Aliás é a partir do momento em que ele entra no filme, que este que já era mau descarrila de vez. Começa a violência, os tiros, os murros, os assassinatos, muito show off...
 O seu papel é  tão mau, mas tão mau que é risível, e quando digo risível é mesmo risível! Deveria ter ficado quieto no seu canto, para que nos recordássemos sempre dele como o magnífico policia calçador de replicants como ele era no outro filme. P.S. Ou é engano meu, ou o Harrison Ford em vez de melhorar como actor está cada vez mais canastrão com a idade? Cada vez que assisto um filme em que ele entre a coisa vai piorando! Outro que deveria ter ficado pela série Indiana Jones e por este Blade Runner.
 Robin Wright uma actriz que eu amo de coração é para mim a personagem mais digna que aparece no filme.Apesar de aparecer poucas vezes, de cada vez que surge é aquela que se aguenta firme e hirta neste navio a entrar água por todos os lados. De facto esta mulher salva qualquer porcaria e mais uma vez aqui não foi excepção. Pena desaparecer do filme de uma forma tão sem glória pois ela merecia  bem mais consideração.
Não posso esquecer Dave Bautista um actor que estamos habituados a ver em filmes de ação e que aqui tem um papel muito contido e muito bom. Vê-lo atuar perto do oscarizado R.Gosling é ver quem é bom quando resolve ser bom e quem é péssimo quando acha que é magnifico. 10 para D.Bautista e 0 para R.Gosling .
Por último Ana de Armas. Esta atriz cubana tem-se vindo a afirmar paulatinamente no mundo cinematográfico. Já a tinha visto em Disclosed com o K.Reeves e já ali vi o vislumbre de uma boa atriz. Aqui tem um papel muito bom, pois está  contida  e sem mácula no seu registo como mulher virtual. Grande Ana de Armas...outra que perto de R.Gosling lhe rouba as cenas todas sem muito fazer por isso, o que diz tudo sobre aquele.
 Eduardo J.Olmos aparece num pequeno papel e sem fazer má figura.
Quando à história desta sequela, G.Villeneuve e os seus guionistas, assassinando totalmente a obra do escritor que deu origem ao primeiro filme, vendo  que não tinham muito por onde espremerem vão de inventar  uma filha de um humano com uma replicant que é desesperadamente procurada por toda a gente. Para o politicamente correcto ser muito politicamente correto e não se dizer que o filme é totalmente entregue a homens toca de colocar em campo uma perseguidora diabolicamente pérfida papel desempenhado  Sylvia Hoeks atriz que ficou conhecida pelo seu papel de falsa ingénua no magnifico filme de Giuseppe Tornatore A Melhor Oferta.Ela está ali  apenas e só para matar sem dó nem piedade, arrear pancada como uma doida nunca questionando nada, num papel sem qualquer sentido,sem alma e para mim perfeitamente descartável.  
Como há muita gente que não viu o primeiro BR e para que este fizesse algum sentido para esses espectadores, meteram falas e  cenas do primeiro filme, fazendo até  "aparecer" a atriz Sean Yong a andróide  Rachael.
Contudo, esta cena que poderia ser o momento fulcral e até emocional de todo o filme, foi totalmente desperdiçado sem apelo nem agravo por um Harrison Ford fora de tom, um J.Leto apático e uma S.Hoeks feita anjo exterminador. Se o filme para mim já era mau essa cena deitou por terra qualquer consideração e algum  beneficio de dúvida que tinha até ai  dado ao mesmo. 
No compito geral, repito, detestei este Blade Runner-2049, vi-o com grande sacrifício, a banda sonora é assustadoramente péssima e tonitruante a despropósito, e para a coisa ainda ser mais horrível foram na cena final buscar a música dos Vangelis, tentando mimetizar a última cena do primeiro filme. Claro que não resultou, porque de uma coisa tão má não vai sair um fim gloriosamente bom a ponto de nos esquecermos do belíssimo fim do primeiro filme... e com R.Gosling ainda pior.
 Não está de parabéns nem Gilles Villeneuve o realizador, nem R.Scott o produtor. Todo este filme  é péssimo e descartável, nunca conseguirá que esqueçamos o primeiro Blade Runner, muito pelo contrário, só servirá para o glorificarmos ainda mais como obra prima única e irrepetível!
 Tu G.Villeneuve que nos deste um tão bons filmes como é o caso de Arrival, Sicário, entre outros , deverias fazer uma pausa na tua carreira e refletir sobre o tu próximo projecto que deve ser algo de novo e parar de escarafunchar em coisas com os quais não devemos mexer como é o caso de filmes que nunca, mas nunca, deveriam ter sequelas e muito menos sequelas como está.

terça-feira, outubro 03, 2017

George Romney-Mrs Johnstone e a sua Filha

A tela que aqui vemos retrata uma cena familiar muito ternurenta e muito realista entre mãe e filha ao colo. A mãe tem uma atitude muito intima e carinhosa para com a sua filha, acabando assim por encarnar os ideais de sensibilidade que à época eram dominantes na mentalidade inglesa, sendo uma antecipação do movimento Romântico que podemos ver descritos nas obras da grande escritora Jane Austen, nomeadamente em Sensibilidade e Bom Senso livro  que eu adoro de coração. Assim, esses ideais defendiam o  regresso à autenticidade e espontaneidade humanas. Dentro dessa ideologia inseria-se pois a educação infantil, passando a a dar-se bem mais importância ao papel da mãe na educação e crescimento dos seus filhos, evitando-se o mais possível as tão em moda "amas de leite", passando as próprias mães a amamentar os seus bebés, incentivando-se também à estimulação das crianças levando-as a expressarem-se livremente. Retirava-se assim o "espartilho" da distância entre progenitora e os seus filhos, algo que vigorou tristemente durante décadas.
 Pintores como George Romney o autor da tela aqui expressa, contribuíram através da arte para criar uma visão idealizada e doce dessa nova  maternidade. Todo a tela está feita de uma forma muito harmoniosa e isso é visível no gesto de protecção da mãe que segura a criança nos braços até ao próprio rosto de ambas. A menina, está vestida de uma forma elegante, optando o pintor por a vestir com algo de completamente branco.Por sua vez a mãe mostra pertencer a uma classe alta devido ao traje sóbrio mas de aspecto rico.  Contudo, e apesar desses trajes algo luxuosos, destaca-se um certo despojamento visual visto a mãe apenas ter como adorno o fio que lhe pende do peito e que termina numa medalhão em forma de coração. Adoro esta tela denominada de Mrs Johnstone e sua Filha e que pode ser apreciada no Tate Galleries em Londres.