quinta-feira, fevereiro 27, 2014

Má Educação

Há dias, não tendo sono, levantei-me da cama para ler, mas não estando muito focada na leitura, liguei a televisão e comecei a fazer zapping. Fui dar com um filme de Pedro Almodôvar, o "Má Educação" que eu já tinha visto há uns anos atrás e que tinha amado de coração. Foi pois, com prazer que andei com o filme para trás e comecei a vê-lo de inicio. Se alguma dúvida eu tinha que Almodôvar é um grande realizador e um ser capaz de 'vampirizar' por completo os seus actores, essas dúvidas ficam anuladas visionando este Má Educação. Para mim Joel Garcia Bernal (se exceptuarmos o excelente "E a Tua Mãe Também") nunca teve um papel tão arrebatador como este aqui. De facto, neste Má Educação temos tudo. Aborda-se a pedofilia, paixões intensas, toxicodependência, sexo, travestis, e amor. Para mim, a linha condutora é principalmente o amor de Ignacio por Enrique, um amor começado num colégio religioso cheio de padres pedófilos, ensandecidos por  paixões doentias por  crianças, seres indefesos, entregues a gente com alma de psicopatas e capazes dos mais vis crimes.
O cenário todo ele é amarelos vivos e vermelhos. Por onde vamos tudo é colorido em contraponto às almas negras e sofridas dos seres que por aqui vagueiam em perpétuo sofrimento, arrastando um passado cheio de dor e de mágoas. A cena mais incrível é precisamente quando Ignacio é pela primeira vez molestado e o realizador foca a câmara no seu olhar e divide o seu corpo em dois, pois é a partir desse momento que tal como nos diz o personagem ele se parte em dois, dividindo-se para nunca mais se unir. Fabuloso!
 O mais surpreendente neste filme é que vemos um filme dentro de outro e se isso é recorrente no cinema, o modo como Almodôvar o faz é que é inovador, posto que às páginas tantas não sabemos se o que estamos a ver é a realidade ou aquilo que queremos que um dos personagens quer que vejamos. A realidade é torpe e suja, é cheia de tristezas, corpos em transformações inacabadas, cartas que se escrevem e nunca chegam ao seu destino, morte e assassínios. Quedamo-nos pela fantasia, preferimo-la à realidade, preferimos ver Zahara/Juan/ Ignacio/Angel... cantando num cabaré nos longínquos anos 70 e 80 e ficamos s pensar que só Almodôvar é capaz de nos dar filmes que no meu entender nunca passam de moda, são sempre polémicos e atuais. Um grande filme que se revê sempre com agrado e muita tristeza. 

quarta-feira, fevereiro 26, 2014

Luca Signorelli-A Flagelação de Cristo


A Flagelação de Cristo
Termino esta trilogia de obras cuja temática é a violência na arte, com uma tela do pintor Luca Signorelli, intitulada de A Flagelação de Cristo. Luca Signorelli,nasceu em 1445 em Cartona na Itália e faleceu na mesma Cartona em 1553.Foi um pintor renascentista italiano, um dos grandes mestres da Escola da Úmbria, tendo muito provavelmente sido aluno do grande pintor  Piero della Francesca. Notabilizou-se pelo esmerado uso da perspe tiva e isso é bem patente na sua obra Crucificação de Cristo.
A obra aqui em apreço, mostra-nos Cristo amarrado a uma coluna no centro do quadro, estando   a ser flagelado por ordem de Pôncio Pilatos, que não acredita que ele seja filho de Deus. Os relevos escultóricos em segundo plano, o capitel coríntio da coluna onde está preso e o friso decorativo no primeiro plano do quadro refletem o interesse renascentista pelos motivos da Antiguidade Clássica. A luz forte e as sombras projetadas no chão ajudam a definir o espaço tridimensional da cena. As coxas muito musculadas das personagens que vão ser os flageladores de Cristo e a composição firmemente simétrica são marcas características do estilo deste pintor. Esta obra é um óleo sobre madeira e pode ser vista na Pinacoteca de Brera, em Milão.

Luca Signorelli-Auto Retrato

segunda-feira, fevereiro 24, 2014

A Grande Beleza

Foi com muito agrado e alguma perplexidade que vi esta última obra do realizador italiano Paolo Sorrentino, intitulada de "A Grande Beleza", filme que para além de já ter ganho o Globo de Ouro para melhor filme estrangeiro, está também bem cotado na corrida aos Oscares na mesma categoria e penso que irá ganhar  esse prémio merecidamente.
O filme é um objecto estranho, daqueles que ou 'amámos' ou 'odiamos'. Não há meio termo, porque durante 3 horas o que ali vemos é em primeiro lugar uma belíssima cidade de Roma cuja panorâmica inicial da cidade vai ser vista pelos olhos de japoneses o que não deixa de ser paradigmático , posto que Roma é visitada todos os anos por milhões de asiáticos.
Depois é-nos dado a conhecer um dos seus cidadãos, o personagem principal, neste caso em apreço  um escritor, Jap Gambardella ( um extraordinário Toni Servilho) que num quente verão e sem qualquer ideia para um novo livro, posto que apenas escreveu um, e sendo jornalista free lancer, passa os dias entre o ócio, festas e raves loucas, e a procura de notícias estranhas para a sua crónica semanal, refletindo  sobre sua vida, vazia de qualquer sentido.
 De facto, este Jap, tem 65 anos de idade, e desde o grande sucesso do romance "O Aparelho Humano", escrito décadas atrás, ele não concluiu nenhum outro livro. Desde então, a sua vida é passada entre as festas da alta sociedade, os luxos e privilégios da  fama que lhe advém do livro. Quando se lembra de um amor inocente da sua juventude, Jap cria forças para mudar sua vida, e talvez voltar a escrever...talvez..... No fim do filme saímos do cinema convencidos( ou talvez não) que irá escrever um novo livro baseado nesses dias de reflexão deste quente Agosto, ou na pior da hipóteses limitar-se a mergulhar de novo nestas festas tão à italiana em que velhos se comportam como garotos de 16/18 anos e os ricos e poderosos, limitam a fazer uma pura ostentação da sua vida desafogada sem pensar no amanhã. Talvez essa segunda hipótese seja a mais viável, porque o que ali há é uma desesperança total, por parte não só de Jap, mas dos que com ele convivem. Quando todos se sentam naquela varanda com vistas para o monumental coliseu romano, o que ali vemos é um grupo de gente rica, que bebendo, comendo e fumando sem fim, nada  já têm a dizer, limitando-se a falar da vida alheia, rindo dos infortúnios dos outros,  e lamentando aquilo que não fizeram no passado. Roma ali está sempre como pano de fundo, os seus monumentos, as igrejas, conventos, fontes, pontes, padres, freiras, e toda uma fauna de gente que passa  os dias  procurando algum sentido para as suas vidas. Perpassa por todos os diálogos uma fina ironia do qual Jap é a figura maior.
 Umas vezes rimos, outras ficamos pesarosos. É um vazio sempre palpável e no fim quando a câmara de Paolo Sorrentino navega pelo rio nada mais há a dizer ou a fazer. Os dias continuarão sempre iguais e Jap e a sua trupe de gente rica e ociosa ali ficará até que a morte os reclame. Um filme belíssimo. 

quinta-feira, fevereiro 20, 2014

Rembrandt-Sansão Cegado pelos Filisteus

Na continuação da mostragem de obras artísticas cuja temática é a violência, abordo hoje aqui uma obra do grande pintor holandês, Rembrandt, (1606/1669).Aqui vemos um tema também bíblico, a cegagem de Sansão pelos filisteus.
Rembrandt-Auto Retrato
 A bíblica história de Sansão é contada no Livro dos Juízes do Antigo Testamento. Os inimigos de Sansão, os filisteus, que procuravam uma oportunidade para o matar, encarregaram a bela Dalila de o seduzir. Ela consegue saber que a sua força residia no seu cabelo e apanhando-o a dormir corta-lhe o cabelo. Em consequência disso, a força abandonou-o. Os filisteus que estavam escondidos, entram dentro da sua gruta, agarram-no e vazam-lhe os olhos.
 Como todos sabemos esta história acaba toda em tragédia, posto que o colosso consegue vingar-se, derrubando os pilares que sustentavam o telhado da casa em que estava preso, pois os filisteus tendo-o preso durante muito tempo, não se aperceberam que o cabelo de Sansão tinha crescido novamente. Ora, o que aqui vemos nesta obra é a cena em que uns quantos filisteus, agarram Sansão enquanto um deles se prepara para o cegar. Ao fundo da tela vemos a maliciosa Dalila com os longos cabelos de Sansão nas mãos. Este Sansão Cegado pelos Filisteus, assim é denominada esta obra ,é uma das muitas obras com motivos bíblicos que Rembrandt realizou. É uma tela magnificamente executada. Não podemos deter os nossos olhos na ameaçadora  espada que é dirigida aos olhos de Sansão assim como não podemos deixar de ter piedade deste último que faz esforços hercúleos para se libertar dos braços dos seus carrascos. O seu rosto é uma mistura de frustração  raiva, impotência e dor. Com uma perna erguida no ar ele tenta empurrar o seu corpo para trás para se libertar sem contudo o consegui. O seu braço direito está já preso por uma grossa corrente e um dos seus carrascos segura-a firmemente e ao vermos a sinistra espada prestes a espetar-se nos seus olhos indefesos, não deixamos de tremer face à violência tumultuosa que se instala no espaço escuro e claustrofóbico da gruta onde toda a cena se desenrola. Sabemos que por mais que Sansão se contorça angustiado o seu destino está traçado e também não podemos deixar de reparar numa Dalila que foge, um tanto ou quanto hesitante entre o regozijo e o terror pela traição  por si perpetrada. A luz que ilumina a tela centra-se nas cores claras das vestes de Sansão e no vermelho do personagem com a ameaçadora espada. Contudo é Dalila que é realçada pelas cores claras tanto da sua saia como da túnica que a cobre. Numa das suas mãos ela ainda tem a tesoura bem presa entre os seus dedos e na outra os longos cabelos de Sansão.Uma obra magnífica e terrível ao mesmo tempo.

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

Word Press Foto-2013

Foto Vencedora do Word Press Foto, 2013. 
Linda!

Dia de S. Valentim


Apesar do mercantilismo que se apoderou deste dia, não resisto aqui a desejar a todos os Apaixonados, um bom Dia de S. Valentim.


terça-feira, fevereiro 11, 2014

A.Gentileschi-Judite Assassinando Holofernes

Judite Assassinando Holofernes
No visionamento da segunda parte do soberbo filme Ninfomaníaca que já abordei aqui em post anterior, uma segunda parte mais negra, mais chocante, mais filosófica e onde vemos com grande tristeza que a personagem principal, uma fantástica  Charlotte Gainsbourg não encontrará jamais a redenção, há um excelente diálogo entre ela e o seu ouvinte um soberbo Stellan Skarsgård,em que o mesmo diz que o difícil não é matar, visto que o ser humano nasce com uma compulsão para  tal, mas sim termos a  força suficiente para nunca o fazermos durante a nossa vida.
Fiquei a matutar neste e noutros  diálogos muito bons entre ambas as personagens e à noite   fazendo zapping por vários canais de televisão fui dar com um que exibia uma das muitas séries policiais existentes. Nela um grupo de detectives tentava descobrir um psicopata que degolava homens num ritual muito seu, algo muito caraterísticos desses assassinos e numa cena em que aparecia uma das suas vitimas não pude deixar de fazer uma associação entre o que estava a ver e um quadro da grande pintora Artemisia Gentileschi, denominado de "Judite Assassinando Holofernes", uma tela que sempre me fascinou pela tenacidade do acto de Judite coadjuvado nele por uma criada sua, não menos capaz.
 Artemisia  Gentileschi (pintora que já abordei aqui em vários posts e que dá nome ao meu blog numa clara intenção da minha parte de a homenagear),teve sempre perante a arte uma abordagem despretensiosa, apesar de nos seus quadres colocar toda a paixão e intensidade de que era capaz.
Foi uma pintora quase única entre as artistas do sexo feminino anteriores ao século XX. Talvez por ter sido violada por um dos amigos de seu pai, isso conferiu-lhe uma percepção muito especial da violência e da traição.Tal como qualquer mulher artista do seu tempo ( e não só) esta mulher teve de lutar e muito, contra os absolutismos latentes na sua cultura e na sociedade, que incluíam a convicção da inferioridade natural das mulheres, confinadas a adornos, à casa, aos filhos, ao cuidado do marido, e caso se entregassem às artes, isso não era visto mais do que meros passatempos, nada a ser levado em grande conta. Ora, vai ser contra essas ideias que Artemísia vai ter de lutar toda a vida, numa clara necessidade de lhe ser reconhecido o seu lugar entre os seus pares, o que só vem a ser feito após a sua morte, como quase sempre acontece. Essa necessidade de reconhecimento, faz com que tenha criado obras cheias de cor e de vida e contribuiu para a exaltação com que a mesma represente  este conto bíblico do assassinato de Holofernes por Judite.
A.Gentileschi-Auto Retrato

Nesta obra vemos como a cabeça deste opressor é visivelmente decepada e o sangue muito palpável escorra repelentemente pelo chão do quarto onde Holofernes se tinha deitado claramente embriagado. Nesta obra algo macabra, Artemísia teve necessidade de nos envolver nos pormenores mais prosaicos de um assassínio. Aqui não há espaço para a imaginação pois está lá tudo. Ela consciencializa-nos do heroísmo corajoso de Judite, salvadora do seu povo, aurora e senhora da morte do tirano e do significado do que é matar outro ser humano, tendo em vista um bem maior.
 Tal como no diálogo entre Joe e Soleiman em Ninfoamíaca, de facto matar é fácil, basta estar embutido das ferramentas necessárias, o mais difícil é ter a coragem de não se sujar as mãos de não o fazer. Esta mulher, Judite quis e fê-lo e Artemísia Gentileschi, mostra-nos que uma mulher munida de uma faca e da sua mais fiel criada pôde fazê-lo entrando  sorrateiramente no quarto  do opressor. Tiveram a frieza e a determinação de decepar uma cabeça.
Um quadro soberbo.

domingo, fevereiro 09, 2014

Nymph()maniac

Na semana passada fui ver a primeira parte da magistral obra do grande realizador Las von Trier, e que tem como actriz principal  Charlotte Gainsbourg e andando por lá também ( e andam muito bem), Christian Slater, Shia LaBeouf Stacy Martin Stellan Skarsgård, Jamie Bell, Uma Thurman,  (nuns vinte minutos de actuação memoráveis) e Willem Dafoe.
O filme é a meu ver uma obra ímpar, e até hoje não entendo o porquê da polémica com oeste filme posto que o mesmo teve a sua exibição muito restringida nos E.U.A e se formos ao youtube dificilmente vemos o seu trailer e mesmo cá este filme  ficou acantonado apenas a um cinema. Prefiro mil vezes ver um Ninfomaníaca a muitos filmes de terror gore que por aí estão em cartaz,sem que haja qualquer restrição à sua exibição o mesmo se passando a filmes cheios de violência gratuita que enxameiam os cinemas portugueses e de todo o mundo. Posto isso, só me resta dizer que gostei muito dessa primeira parte, vou ver com curiosidade a segunda, a actriz principal (Charlotte Gainsbourg), tanto na actualidade como a que a representa quando nova estão fantásticas, há actores a fazerem papeis nos antípodas daquilo que estamos habituados a ver como é o caso de Shia Labeouf, e de Jamie Bell,a história prende-nos do princípio ao fim, a fotografia é muito boa e está de parabéns Lars von Trier por mais uma vez sair dos cânones habituais e do mainstream do cinema norte americano. Este  Ninfomaníaca I e II é  uma obra a ver com atenção.

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Jan Vermeer-A Pesagem das Pérolas


A Pesagem das Pérolas




































Jan Vermeer, (1632/1675) legou à humanidade uma obra tão recatada, tão sóbria, tão silenciosa que dificilmente encontro noutro pintor do seu tempo e não só. Estranhamente, este homem que teve 11 filhos não era um solitário no sentido literal do termo, até porque para além dessa filharada toda possuía muitos parentes pelo lado da sua mulher e vivia num bairro bem popular.
 Contudo, esse borburinho todo à sua volta nunca o deve ter incomodado pois criou obras muito quietas no tempo e nunca nelas fez qualquer alusão à sua família. Os seus quadros cheios de sombras, eram contudo iluminados pelas personagens neles presentes e relembro que a sua grande obra "Vista de Delft" é vista ao longe banhada por uma claridade e silenciosa na sua pacatez.
A obra que aqui aparece denominada de "A Pesagem das Pérolas" retrata mais uma vez uma cena quotidiana e nela Vermeer não necessitou de claridade para nos legar uma das obras mais "iluminadas" que me foi dado a ver a par da sua magistral obra "Rapariga com Brinco de Pérola", hoje um ícone de arte na Holanda. Aqui nesta linda obra, vemos que as persianas do quarto estão fechadas e a luz penetra na oblíqua através das frestas. Essa luz vai atingir a pele felpuda do casaco da senhora, o pano que lhe envolve graciosamente a cabeça inclinada e as pérolas que brilham na obscuridade da mesa. Realça pois um dedo aqui e um colar de renda acolá, mas impera o silêncio. É esse silêncio que exprime a pureza daquilo que existe. Penso que este quadro encerra um certo simbolismo, na medida em que esta mulher experimenta a balança vazia e o quadro que aparece na parede atrás dela mostra o "Juízo Final", onde deus também como que pesa as almas que ascendem e as que ficam para trás. Mas, o significado reside igualmente no balanço que sentimos ao olharmos par ao quadro: luz e sombra atingem um dramatismo dinâmico e, de facto, a pintura no seu conjunto revela diversos equilíbrios, a mão da senhora, o seu bonito vestido de seda bordejado a pele, a instabilidade da mão humana e a certeza gelada do metal da balança. É também um quadro que nos mostra uma mulher perante os símbolos da riqueza material, pesando-a para saber o seu valor, enquanto atrás dela se pode ver a figura de Cristo a "pesar" as almas. É óbvio também que esta jovem senhora está grávida e é significativo que os dois tons mais fortes e laranja e ouro não provenham das suas jóias ou do seu ouro, mas sim da pequena  janela no alto da parede através do qual a luz entra e se lhe projeta diretamente no ventre.
Não podemos também deixar de reparar que uma  bela toalha de mesa azul foi afastada para trás e, vê-se uma coleção de pérolas e de objetos de ouro espalhados pela mesa e a sair de guarda-jóias. Cada uma das pequenas esferas é uma gotícula de luz, feita com os toques individuais de tinta que se assemelham a jóias. As moedas achatadas ou pesos de ouro, parecem ter uma forma arredondada graças ao pequeno realce que lhe é dado. Ela prepara-se  para pesar o ouro e as pérolas numa frágil balança de latão, com um gesto extremamente gracioso. A balança é tão frágil que certas partes mal se vêem, e toques de luz brilham nos pratos vazios. A sua expressão concentrada e serena, com a cabeça ligeiramente inclinada e pensativa e os olhos quase fechado, revela que ela está a fazer algo mais do que gozar os seus tesouros.Está satisfeita com aquilo que está a fazer. Está ricamente vestida mas com simplicidade, com a cabeça coberta por um capuz branco, liso salpicado de gotas de luz que lembram contas de colar.
Uma cena soberba!
Esta magnífica obra pode ser vista no Casa  Museu Vermeer em Haia/Holanda.

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Philip Seymour Hoffman

Morreu Philip Seymour Hoffman, ( 23 de julho de 1967 /  2 de fevereiro de 2014), um dos melhores actores que me foi dado a ver. Tinha por ele uma admiração incondicional. O último filme que vi dele foi "O Mentor".
Que papelão. Também adorei vê-lo em "A Dúvida", sem dúvida um dos melhores filmes deste actor a par de "Capote".
Paz à sua alma.
Que pena!
 
"A Dúvida" e "Capote"-Que Grandes Filmes!!!