sexta-feira, outubro 26, 2012

007-Skyfall

Ao arrepio de tudo aquilo que tem sido feito nesta série James Bond e onde incluo os filmes com Pierce Brosnan e o actual Daniel Graig, este 007-Skyfall com realização de Sam Mendes é longo,(2.30m) reflexivo, profundo ,sentimental, dramático e onde esperaríamos grande acção temos diálogos e surpreendentemente abre-se  aqui a porta ao passado deste James Bond.
Eu já tinha lido que este filme era surpreendente e de facto não saí dele desiludida, muito pelo contrário. Quem vai a espera de grandes cenas de acção vai enganado porque o filme é muito...Sam Mendes. É impressionante como este  realizador consegue ao longo do filme imprimir a sua marca, e ela é visível no traço psicológico de cada personagem. Consegue também  a proeza de conseguir um vilão (Javier Bardem, cada vez melhor) que só tem comparação na maldade ao famoso Coldfinger e imprimir  a M -Judie Dench e ao próprio 007-Daniel Graig  uma fragilidade surpreendente e que contudo não torna o filme menos atractivo, muito pelo contrário.
Agora que se celebra o 50ºaniversário desta série, é  notório ao longo de todo o filme a passagem de testemunho para uma nova geração de actores que a partir de agora tomarão as rédias à série.
 Isto é muito visível na personagem de Ben Whisham, um divertido e muito interessante Q e na de Naomie Harris, uma surpreendente,bonita e muito sensual Miss Moneypenny. A entrada de Ralph Finnes é para mim uma boa escolha e considero considero que um 007 em que entre nem que seja por meia hora este grande actor que é Albert Finney, é sempre um bom filme!
Por último, não posso deixar de referir   o tema musical (Skyfall) que desta vez é cantado pela magnífica Adelle e considero que o genérico é  magníficooooo, pois alia, a música às imagens de uma forma incrível. Uma pequena obra de arte!
Julgo  que  este 007-Skyfall não é um filme que irá gerar consensos. A sua longa duração, os diálogos, a tristeza que prepassa pelo mesmo, a densidade maléfica e psicopata  que Javier Bardem imprime à sua personagem , o desencanto e fragilidade do próprio 007 irão com certeza enfastiar alguns espectadores que estarão  à espera de muita correria, tiros, mortes, saltos e outras acrobacias afins. Nada disso aqui aparece e se exceptuarmos a electrizante  meia hora inicial do filme, passada nos bazares da atractiva cidade de Istambul, tudo o resto assemelha-se a um bom thrilher, com grandes actores e uma história muito credível. Quase que nos esquecemos que estamos a ver  um filme da saga 007-James Bond.
Gostei. Estão de parabéns o realizador e os actores. Daniel Graig é muito bom, tem bom corpo e bom rosto para este tipo de papéis, gostei deste novo Q e tiro o chapéu a essa grande actriz que é a Judy Dench. Quanto a Javier Bardem...bom...tenham muito medo... muito medo mesmo!Que vilão terrível o dele.Um pesadelo de maldade!Tira-nos  o sono!Magnífico!
Deixo-vos aqui o video clip do genérico cantado por Adele.
 

Claude Monet-Ensaio de Figura ao Ar Livre

Esta tela de Claude Monet (que já abordei aqui em posts anteriores) e que se denomina de Ensaio de Figura ao Ar Livre: Mulher com Sombrinha Virada para a Esquerda, é a confirmação de C.Monet à representação da figura humana, que o pintor abandonara há algum tempo em prol da paisagem.
De facto Monet a partir do momento que se instalou em Vétheuil, onde tinha uma quinta, começou a realizar telas que reflectiam os arredores dessa pequena vila e para mim o expoente máximo disso é a sua tela precisamente denominada de Paisagem de Vétheuil que abordarei num posterior post.
Voltemos então à tela aqui exposta.
Ao analisar esta lindíssima obra, penso que a intenção do artista era conseguir que a figura da mulher se integrasse dentro da paisagem figurando apenas como mais um elemento, sendo talvez a razão pela qual o artista esbateu os traços do rosto da mulher, de modo a despersonalizá-la, impedindo a sua identificação. Contudo em estudos posteriores verificou-se que a mesma era Suzanne uma das suas modelos preferidas, filha da sua futura segunda mulher. A composição está delineada a partir de um ponto de vista baixo que vai realçar e estilizar a figura da jovem. Esta, em virtude às cores com que é representada, está próxima do luminoso céu azul. O vento agita o lenço que a mesma traz ao pescoço e ao mesmo tempo aprece que lhe 'suja'  a cara. O pintor não definiu os seus traços intencionalmente porque esta obra não pretende ser um retrato. O seu maior interesse era ressaltar os efeitos da natureza sobre a figura humana e não o contrário. Talvez por isso o seu vestido agitando-se ao vento acaba quase por ser uma continuação das plantas primaveris que a rodeiam que que também se agitam ao sabor do vento.
Esta vegetação agitada é conseguida a  partir de uma pincelada instantânea e muito dinâmica, algo que Monet é  exímio executante. As nuvens como que se movem pelo vento que sopra e que sacode ao mesmo tempo as ervas e flores do campo. Esta atmosfera soalheira e ventosa é captada pelo artista de uma forma instantânea, como se o pintor tivesse criado a tela de um folgo só. Cobrindo Suzanne com a sombrinha que dá nome à tela Claude Monet, construiu um jogo de luz e sombra fantásticos que fazem desta tela uma obra soberba.
 A mesma é um óleo sobre tela  foi realizada em 1886 e pode ser vista no Museu D'Orsay em Paris.

The Undeading

Este  spot publicitário está fantástico e ao mesmo tempo é assustador!
Saber como agir em caso de ataque cardíaco pode salvar uma vida. Ou não!
Genial campanha da fundação canadiana de prevenção doenças cardíacas ‘Heart & Stroke’.Muito bom!

sábado, outubro 20, 2012

Adrien van Ostade-Pátio de uma Casa de Campo

Pátio de uma Casa de Campo
Como gosto muito da pintura holandesa(e da própria Holanda), venho postar aqui um quadro de um pintor que aprecio bastante, pelas caracteristicas muito delicadas que o mesmo confere á sua pintura.A obra que aqui aparece representa um momento da vida quotidiana numa casa de campo holandesa.A família de camponeses encontra-se no pátio da casa. A mãe, à esquerda, está sentada, numa pequena cadeira a arranjar mexilhões, alimento muito típico da costa holandesa, e, ao seu lado está o marido, entrando pela porta.À sua volta, as crianças estão a brincar, duas delas, à direita da composição, com um cão, animal doméstico que aparece frequentemente neste tipo de composições e que Adriaen van Ostade aprecia particularmente.A roupa estendida, desgastada pelo tempo, está a secar ao sol.Vemos uma galinha debicando o chão, uma vasoura e o lixo próprio de um pátio interior pouco cuidado. É  de salientar que este artista trabalhou certas zonas desta tela como se fossem naturezas mortas, um género artístico muito próprio do século XVII holandês. Realço também que este género de composições aparentemente banais, estão repletas de significados simbólicos, que, por vezes. são desconhecidos dos historiadores.Em certas obras o pintor desvendava esses significados através de um texto que incluía na própria pintura, contudo tal não é o caso desta tela. É difícil saber quando a obra representa um significado oculto ou se, simplesmente, se trata de um retrato da vida quotidiana de muitos camponeses.Assim, nesta tela, podemos observar deliciados alguns elementos que estão relacionados com alegorias da vida familiar, como a videira  na parede da casa, símbolo da fertilidade.Esta bonita e muito pitoresca tela  denominada de Pátio de uma Casa de Campo, é óleo sobre tela, tem dimensões pequenas (44x39,5cm) e pode ser vista no National Gallery of Art de Washington.

domingo, outubro 14, 2012

Looper


Amei este Looper. Um dos melhores filmes sobre viagens no tempo que vi até hoje! O filme tem tudo: acção, drama, algum humor negro, bons actores e principalmente aborda temas que fazem-nos pensar nomeadamente questões existenciais, que nos mostram que por mais voltas que dermos somos produto das nossas acções, são elas que determinam o nosso destino e influenciam o destino de muitos dos que nos rodeiam. Escrito e realizado pelo genial e promissor Rain Johnson e com os actores Joseph Gordon-Levitt (que está a ter um ano excepcional, posto que já o vimos no tenebroso e fantástico final da trilogia BatMan, no frenético Encomenda Armadilhada e ainda o vamos ver no portentoso Lincoln de S.Spilberg), Bruce Willis , Emily Blunt, Paul Dano e Jeff Briges (que está cada vez melhor), o filme  aborda a vida dos Loopers, jovens assassinos que vivendo no presente ou seja  no ano 2044, são contratados por máfias futuras que tendo descoberto as viagens no tempo contratam esses jovens do passado para assassinar pessoas vindas desse mesmo futuro, fazendo com que as mesmas desapareçam nesse passado nunca existindo no futuro. Tudo corre pelo melhor, até que de repente os loopers dão consigo a terem de  assassinar a sua própria pessoa vinda do futuro!
 Looper é um objecto cinematográfico estranho, complexo e contudo muito aliciante. O realizador proporciona-nos uma experiência  alucinante ao mundo desses assassinos (os loopers) que não hesitam em matar, mesmo que para isso tenham que executar a sua própria pessoa daí a 30 anos.
 O visionamento deste filme fez-me recordar a minha ida ao cinema quando fui ver o filme Inception/A Origem, visto que de repente damos por nós completamente absorvidos pelo enredo ,por aquelas cenas alucinantes e originais, por aquela história incrível que possui  uma sequência final que vai ao arrepio de tudo aquilo que já vi de há muitos anos para cá!
Um filme maravilhoso, com uma estética visual ímpar, que coloca questões bem pertinentes sobre o homem e sobre a nossa existência , com personagens complexas, todas elas agarradas a um passado, mas cheias de objectivos e vivendo na ânsia de os atingir, nem que para isso tenham que matar ou estropiar.
O amor está sempre presente, e isso comoveu-me imenso, o amor é visto nas suas mais variadas cambiantes, e o amor incomensurável de uma mãe por um filho e o de um marido pela sua mulher é aqui colocado de uma forma maravilhosa! O amor capaz de mudar tudo, é o amor que muda tudo!O amor que leva a que cometamos os mais bárbaros actos!Genial!
Não deixei de constatar que este filme sofre de algumas influências cinematográficas, sendo uma delas os "12 Macacos" e o"Exterminador Implacável". Contudo, consegue seguir o seu próprio rumo, e tenho a certeza que este filme irá marcar muito do que em cinema se irá fazer num futuro próximo, tal como o filme  Matrix influenciou e ainda influencia muita da estética cinematográfica que actualmente está em voga.
Um filme magnifico. Recomendo vivamente.
 

terça-feira, outubro 09, 2012

A Dupla Pele do Diabo

Passando quase despercebido em Portugal, eis um filme que recomendo vivamente. Realizado por Lee Tamahori natural da Nova Zelândia, este A Dupla Pele do Diabo é  filme surpreendente na sua vertente de pura insanidade encarnada na figura de Uday Hussein o filho mais velho de Sadin Hussein.O filme mostra-nos o percurso de Latif Yahia, que trazido do cenário da guerra do Irão/Iraque até ao palácio imponente de Uday, vê-se de repente a ser chicoteado, operado,transformado no duplo perfeito de um Uday que de insanidade em insanidade, acaba estropiado pelas balas desse mesmo duplo criado para o servir e dar a vida por ele. O filme é terrível na exposição da maldade, da psicopatia de personagens que imersas num  luxo e riqueza desmesurada e num poder absoluto e sanguinário, não olham a meios para atingir os seus mais ínfimos prazeres carnais. O filme está muito bem feito, gostei muito de o ver se bem que no fim senti-me completamente exausta pela exposição de tanta insanidade, insensatez, cupidez, loucura e pura maldade.Quando julgamos que já vimos tudo neste mundo apercebemo-nos que o ser humano consegue sempre subir mais um degrau no domínio da irracionalidade. Dominci Cooper,  no duplo papel de Latif e de Uday está excelente assim como excelente estão os actores perfeitamente caracterizados de um estranho Sadam Hussein que passava as tardes jogando ténis com o seu...duplo (dizem que tinha dois) e em que as páginas tantas já não sabemos quem é quem neste jogo de duplicidade e enganos. Um filme a não perderem.Magnífico.
 

terça-feira, outubro 02, 2012

Paul Gauguin-Auto-Retrato

O auto retrato que aqui aparece da autoria do pintor francês Paul Gauguin, é um dos múltiplos retratos que o mesmo realizava sobre si.De facto P.Gauguin, na época sem grande recursos económicos, não dispunha por isso de meios económicos para pagar a um modelo.Assim, auto-retratava-se frequentemente, criando telas onde ia variando de posição procurando tal como aqui criar um processo de auto-análise, já que o artista se representava com atributos bíblicos referentes a Jesus Cristo ou ao Demónio.Assim, neste retrato, alguns estudiosos da obra de Gauguin têm visto nas maças da tela uma referência á Queda da Humanidade, enquanto outros têm apostado na identificação do artista com Satanás, através da serpente do Génesis, que se vê por debaixo do seu rosto e que desliza pela sua mão.Por sua vez, e isso é o mais engraçado, é que os seus amigos mais próximos viram na tela apenas uma simples caricatura do pintor.Ao contrário dos seus retratos anteriores, o artista aparece aqui caracterizado como um boémio, depois de ter abandonado o seu trabalho como corrector da bolsa. O cabelo comprido e o olhar provocador serão depois uma constante dos seus auto retratos.
Este óleo sobre madeira foi realizado em Outubro de 1889, quando Gouguin decidiu abandonar a sua residência em Port-Aven, para se estabelecer em Le Pouldu, longe da invasão de turistas da localidade situada na Bretanha.esta tela destinava-se à decoração do salão d o sue amigo Meyer de Haan, que hospedava o artista por essa época. Não posso deixar aqui de referir que com Paul Sérusier em Le Pouldu, Gauguin trabalhou assiduamente e em poucas semanas realizou dúzias de cerâmicas , relevos em madeira e esculturas, nas quais a influência da arte de Java se encontrava muito presente.As cores que dominam esta tela também exemplo dessa influência. Esta tela denominada de "Auto-Retrato" pode ser vista no National Gallery of Art de Washington.